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Opinião
13/02/2014 - 11h00
Os suíços bateram a cabeça?
Stephane Garelli
 

Neste final de semana, a proposta do Partido Popular Suíço contra a “imigração em massa” venceu – por apenas 19.526 votos –, mas foi aceita. O que há de errado com a Suíça? Eles acabam de aprovar uma proposta para controlar as remunerações excessivas de altos executivos e, em breve, votarão sobre a fixação, ou não, do salário-mínimo em 4.000 Francos Suíços (cerca de duas vezes a média internacional). Por que isso? A economia está crescendo a 1,9%, o saldo da conta-corrente tem um excedente de 11,8% do PIB, o orçamento está equilibrado e o desemprego se mantém na mínima de 3,2%. Será que estão fartos do Milagre Suíço? Ou será esta uma mensagem para as outras nações?

Na Suíça, as propostas constitucionais permitem que a população participe e vote em questões como a da imigração em massa. Depois, o governo e o Parlamento têm três anos para transformar a decisão em lei. Ao reintroduzir cotas para a imigração (inclusive de países da União Europeia), esta proposta coloca a Suíça em cheque no chamado “acordo bilateral” com a Europa, que garante à Suíça a maior parte dos direitos de um país membro, exceto a tomada de decisões. Em contrapartida, tal acordo inclui uma cláusula de “guilhotina”, com uma abordagem de “tenha tudo ou deixe tudo”. Assim, com a introdução das cotas, todas as relações com a Europa ficam em jogo.

Por que os suíços fizeram isso? Desemprego, afinal, não é um problema. No entanto, em um país onde 27% da população é composta por estrangeiros, emoções prevalecem sobre a razão. Alguns suíços sentem que, se eles têm dificuldades para encontrar um apartamento, um assento em um trem lotado, um emprego de nível superior, ou se a insegurança aumenta, deve ser porque existem muitos estrangeiros ameaçando ou se beneficiando do sucesso suíço. Aliás, será que uma votação semelhante na Grã-Bretanha, Holanda, França ou Alemanha teria um resultado diferente? Não tenho certeza! O sistema suíço de votação garante aos cidadãos um meio valioso para expressar suas frustrações na cabine, e não nas ruas. Mas, às vezes, ele fica fora de controle e permite o sucesso de medidas populistas – e foi o que aconteceu no último domingo.

O que acontecerá depois? O governo suíço e o Parlamento têm alguma margem de manobra para enfraquecer as leis e as regras de aplicação. Sim, as cotas estão previstas, e elas podem ser muito altas. Mas será que a Europa aceitará tal interpretação frouxa dos acordos anteriores (afinal, a Suíça também é parte do acordo de Schengen)? A Europa poderá aceitar que o “espírito” dos acordos é preservado enquanto a “forma” é alterada? Não tenho certeza. Suíça e Europa têm hoje uma relação muito tensa, especialmente em questões bancárias e fiscais: a adição de mais um nível de complexidade e frustração pode não ser o que os negociadores realmente precisam hoje.

E se os suíços votarem novamente? Não no curto prazo, já que a voz do povo em uma democracia não pode ser desconsiderada. No entanto, se as leis de aplicação e a negociação com a Europa se tornarem um pesadelo, aí sim pode haver uma nova votação, talvez em um período de três anos. Realmente vai depender de quão flexíveis os países-parceiros da Suíça serão, ou não. Enquanto isso, será apenas negócios, como de costume. Os suíços são pragmáticos. E se eles batem a cabeça – de vez em quando – eles nunca têm qualquer problema filosófico para se levantar novamente e escolher uma direção diferente.


Nota do Editor: Stephane Garelli é professor de Competitividade Global e diretor do Centro de Competitividade do IMD.

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