Dia 03 de fevereiro, assistimos a uma entrevista com o ex-Secretário Nacional de Segurança do governo Lula, Romeu Tuma Jr., sobre o seu recente livro “Assassinato de Reputações”, no programa Roda Viva, da TV Cultura. O que vimos foi uma série de acusações bombásticas contra o ex-presidente Lula e a cúpula do PT e, em qualquer país sério, essas denúncias provocariam um escândalo de proporções gigantescas. Haveria uma grande investigação, e os próprios jornalistas sairiam a campo para descobrir a verdade. O fato de não vermos acontecer nada demonstra o quanto vivemos em uma situação de calamidade. De acordo com o próprio entrevistado, o Brasil já vive em um Estado Policial, com o propósito de servir a um partido e não ao país. Entre as inúmeras acusações, ele disse que recebeu ordens do Palácio do Planalto, da Casa Civil e do próprio Ministério da Justiça para produzir dossiês contra uma série de adversários do governo. Disse que refutou essa prática e, por causa disso, virou uma vítima dessa máquina de difamação. Disse que os militantes do PT estão envolvidos no assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel. Sobre o Mensalão, afirmou que encontrou contas de José Dirceu nas Ilhas Cayman, mas nem o governo nem a Polícia Federal quiseram investigar. Também afirmou que Lula era informante do DOPS em São Paulo, na época que seu pai, o delegado e depois Senador Romeu Tuma, era o Delegado Geral do DOPS. As denúncias são fortes e impressionam, porém, mais assustador, é o silêncio dos acusados, da justiça, do governo, do congresso, da oposição e de grande parte dos próprios jornalistas. Perguntado se ele já tinha sido alvo de algum processo, Romeu Tuma Jr. disse que não e que até gostaria de depor no Congresso. Se sua reputação é sem manchas ou não é outra questão, mas o relevante é que essas denúncias vieram de alguém que esteve dentro do governo e o que foi dito merece ser investigado. O Brasil não pode simplesmente ignorar tudo e continuar só dando importância à Copa do Mundo. Ele levantou a bola, mas não apareceu ninguém para chutar até agora. Outro assunto que merece ser investigado é a origem do dinheiro arrecadado para o pagamento das multas no processo do Mensalão. Juntos, José Genoino e Delúbio Soares arrecadaram mais de R$ 1,7 milhão. Segundo dirigentes do PT, esse dinheiro veio de doações de militantes e amigos dos condenados. O ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes cobrou o Ministério Público para apurar a origem deste dinheiro todo. Será que não estamos assistindo a um processo de lavagem de dinheiro? - argumentou o ministro. Mais uma bola levantada no país do futebol. De minha parte, estou enojado com todas essas histórias que terminam em nada, mas tenho a esperança de que, assim como eu, existam muitos outros neste imenso país. Um destes, da linha de frente, talvez chute a primeira bola e abra o caminho para a goleada que o Brasil merece. Temos que investigar de forma séria, sem dossiês pré-fabricados e punir os culpados. Nota do Editor: Célio Pezza (www.celiopezza.com) é escritor e autor de diversos livros, entre eles: As Sete Portas, Ariane, A Palavra Perdida e o seu mais recente A Nova Terra – Recomeço.
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