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Opinião
17/02/2014 - 07h00
Morte do cinegrafista: a verdade profunda
Amadeu Garrido de Paula
 

O Brasil, a partir das surpreendentes jornadas políticas que ocuparam os espaços públicos em junho de 2013, ainda por virem à luz de exames sociológicos profundos, dadas sua plenitude nacional, espontaneidade, ausência de objetivos programáticos e lideranças, retornou às montanhas elevadas do espírito cívico de onde provieram.

Nosso movimento popular não teve impressa a continuidade inerente às “primaveras” que floresceram no mundo, árabes, gregas, espanholas e até mesmo nova-iorquinas. Foi um momento único.

O ato superior de famílias que deixam o recôndito e a mansuetude de seus lares para expor-se em ruas e praças, em busca de uma existência melhor, cuja concretude nem sempre se consubstancia em ideais comuns, por vezes mal explicitados e por outras equivocados, é o fenômeno que mais avulta em importância na natureza política humana. Com razão sustentou-se que essa desacomodação das camadas da nervura política petrificada no homem correspondeu ao único bem que se pôde vislumbrar no nazifascismo.

O retorno do brasileiro inconformado às suas tocas, para alívio dos políticos e governantes cujos cabelos se eriçaram como se estivessem prestes a ser fulminados por raios não se deveu às medidas cosméticas, superficiais, açodadamente adotadas pela presidente Dilma Roussef e tampouco à eliminação de alguns centavos no preço das passagens do transporte público.

A causa do retorno ao ostracismo social foi a tormenta que se abateu sobre o oceano de protestos e manifestação de inconformismos pacíficos, ordeiros e civilizados, desencadeada pelos “black bloc” e animais irracionais e predadores, agora revelados, em grande parte, como uma horda de mercenários; e por figuras que os organizam, por exemplo disponibilizando artefatos explosivos em automóveis estacionados nas proximidades dos sítios de ação.

O último ato de uma tragédia anunciada terminou com a morte lamentável de um cinegrafista da Rede Bandeirantes. Tais infiltrações mercenárias em movimentos democráticos e legítimos não são novidades nas “primaveras” dos povos. Estiveram presente na Líbia, estão na Síria e na Ucrânia, por exemplo. O grande problema não está só na prisão e na punição dos mercenários, que seria a ponta visível do “iceberg”. Agrupamentos terroristas com a Al Quaeda e segmentos do crime organizado, espraiados pelo mundo afora, foram identificados nessas participações demolitórias de ideais políticos. Afora isso, salvo ingenuidade cândida, não se pode imaginar que os governos, cujas estabilidades restam ameaçadas pelas manifestações, não tenham interesse em suas demolições. Todavia, seus hábeis organizadores, muitos dele entranhados nos órgãos oficiais de inteligência, permanecem no anonimato. E ainda mais impalpáveis são os governantes beneficiados.

Dois jovens acusados – comprovadamente, ao que consta – da morte do cinegrafista apontaram essa natureza mercantil e criminosa dos agitadores que provocaram o refluxo dos movimentos massivos. As manobras diversionistas criadoras de um ambiente de violência, do qual é necessário afastar-se, são preparadas por meio das redes sociais e jovens são remunerados, com quantias ínfimas, porém importantes para complementar suas rendas inexpressivas (quando existem). Afinal, neste sofrido país, por uma centena de reais, uma moto se alinha ao lado de um veículo e se comete um homicídio, conveniente a alguém ou a um grupo. Tais crimes, como dão conta as estatísticas, raramente são esclarecidos pela Polícia.

Um dos jovens agiu com precaução plenamente compreensível. Negou-se a apontar os mandantes e, corretamente, afirmou ser a identificação da autoria dever da Polícia. “Não é para isso que existe a Polícia?”, indagou. No entanto, os conhecedores do tema estão fartos de conhecer os conflitos que abalam os intestinos das polícias brasileiras, um conglomerado anárquico que somente interessa a governos manipuladores, e que, ao cabo, consagra a impunidade. Um dos delegados ouvidos declarou que tramitam “vários inquéritos” voltados à apuração da autoria dos mandantes. Mal. É reflexo dessa Torre de Babel que caracteriza nossas polícias civil, militar, estadual e federal. O ideal seria um único procedimento, concentrado e centralizado em mãos competentes e probas. A pluralidade provavelmente pulverizará as descobertas, que se perderão sem nexo lógico e redundarão no nada. E os únicos punidos – com penas exacerbadas, para satisfação da sociedade – serão os jovens que acenderam a ponta da corda.

A inteligência jurídica dos romanos se expressava em muitos “brocardos”. Um deles, pertinente à hipótese, era a indagação: “Quid prodest?”. A quem interessa? A quem interessa o arrefecimento de uma movimentação nacional de contestação que ocupou desde as capitais até pequenos rincões desse imenso Brasil? Para desvendá-los temos um mecanismo policial capaz e independente daqueles “a quem interessa”?


Nota do Editor: Amadeu Roberto Garrido de Paula é advogado especialista em Direito Constitucional, Civil, Tributário e Coletivo do Trabalho e fundador da Garrido de Paula Advocacia.

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