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Opinião
17/02/2014 - 11h02
As atrocidades do bom-mocismo
Dartagnan da Silva Zanela
 

Quando moleque, lá por volta dos idos de mil novecentos e bolinha, houve um crime bárbaro na cidade onde eu morava. Um homem matou sua mãe a machadadas para ficar com a casa da velhinha. Ele foi preso e recebeu uma tunda na base de coronhadas. Toda a cidade soube do assassinato pela rádio local e da surra pelas fotos, tiradas a pedido do delegado, que eram apresentadas para todo transeunte que solicitasse ao fotógrafo.

Na época, meus pais contaram-me o fato e, se fosse de minha vontade, poderia ver os tais retratos. Bastava ir ao estúdio fotográfico. Fui. É óbvio que não era algo bonito de se ver, mas era muitíssimo menos abjeto que matar a própria mãe a machadadas.

Hoje temos o caso do rapaz que foi despido e preso com um cadeado de bicicleta em um poste por um grupo de vigilantes. Também não é algo bonito pra se ver. Entretanto, o que esse rapaz fez para atrair a cólera dos, até então, pacatos moradores? A galera chique do bem não quer saber desse tipo de pergunta.

Pois é, doravante, os representantes das potestades estatais estão aos quatro vetos afirmando que tais práticas são inadmissíveis. Sim, mas quais práticas? A de termos criminosos, de todos os portes, roubando e matando pessoas que se esforçam em ganhar o pão de cada dia com o seu labor? A de contarmos com uma horda de vozes, dentro e fora da maquinaria Estatal, empenhada em vitimizar o crime ao mesmo tempo em que desmoraliza as autoridades policiais e despreza a sociedade civil? Ou a de vermos homens que, diante desse quadro, decidem proteger os seus familiares e vizinhos por conta e risco?

E não é apenas isso. É escandaloso vermos as cândidas almas do bem não marejarem seus olhos em lágrimas em casos como o da mulher que, em janeiro, foi sequestrada, acorrentada, obrigada a fazer suas necessidades numa bacia e ameaçada de mutilação e morte durante dez dias. Não choraram porque a pobre mulher é apenas uma cidadã anônima e, por isso, seu drama não toca os tolerantes corações dessa gente.

Sem mais delongas, como havíamos dito, nada disso é algo bonito de se ver, mas em tais circunstâncias é válido perguntar: o que os cidadãos de bem fizeram para merecer tanta desatenção e desrespeito da parte daqueles que enchem a boca para dizer que os representam? O que os ditos representantes realmente fazem pelo povo que dizem representar? O que? É, meu caro! É aí que a porca torce o rabo.


Nota do Editor: Dartagnan da Silva Zanela é professor e ensaísta. Autor dos livros: Sofia Perennis, O Ponto Arquimédico, A Boa Luta, In Foro Conscientiae e Nas Mãos de Cronos - ensaios sociológicos; mantém o site Falsum committit, qui verum tacet.
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