O Brasil produz, mas, muitas vezes, perde toda sua competitividade quando a mercadoria chega aos portos e enfrenta a realidade de um sistema portuário da época do império. O custo para levar 1 tonelada nos portos de Santos ou Paranaguá chega a custar 70% a mais do que nos portos da Argentina e dos Estados Unidos e é comum navios deixarem de atracar nos portos brasileiros devido ao tamanho das filas ou porque estão assoreados e precisam de urgentes obras de dragagem para aumento da profundidade, como o porto de Santos. Com toda essa realidade, que exige investimentos de imediato, vemos o nosso governo investir em sistemas portuários de Cuba. Isso mesmo. A presidenta Dilma esteve no mês de janeiro em Cuba inaugurando o moderno porto de Mariel, perto de Havana, que foi construído com dinheiro brasileiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. A obra, executada pela Odebrecht, com financiamento de perto de US$ 800 milhões do BNDES, é o maior investimento em sistemas portuários feitos pelo governo brasileiro, mas, infelizmente, em Cuba e não no Brasil. O porto de Mariel terá uma capacidade 30% maior do que a do porto de Suape, o principal do nordeste brasileiro. Esse descalabro é obra de Lula, que deu início ao financiamento, continuado e intensificado pelo governo Dilma. Para termos uma ideia, o BNDES já destinou ao porto cubano três vezes mais do que destinou as melhorias no porto de Suape. O negócio com a ditadura cubana transcorreu como sendo segredo de Estado e, em 2012, o ministro Fernando Pimentel classificou o assunto como “secreto”, sob a justificativa de proteger “informações estratégicas” para escapar da Lei da Transparência. Segundo o deputado federal Marcus Pestana é um absurdo o governo brasileiro investir mais em Cuba do que na rede portuária nacional e existe um alinhamento ideológico do Brasil com governos nos quais predomina o populismo e o autoritarismo, colocando em risco a economia nacional e isolando o Brasil. Já o atual líder do PSDB na Câmara, deputado federal Antônio Imbassahy, declarou que temos que abrir a caixa-preta do BNDES e mostrar aos brasileiros os investimentos reais feitos no Brasil e no exterior. Enquanto isso não acontece, os investimentos vergonhosos na ditadura cubana continuam. Afinal, Cuba não pode esperar. O Brasil pode. Nota do Editor: Célio Pezza (www.celiopezza.com) é escritor e autor de diversos livros, entre eles: As Sete Portas, Ariane, A Palavra Perdida e o seu mais recente A Nova Terra – Recomeço.
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