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Opinião
26/03/2005 - 12h08
Uma mensagem cristã para cristãos e não-cristãos
Dartagnan da Silva Zanela
 
"Todo aquele que se engana não entende aquilo onde se enganou". - (Sto. Tomás de Aquino - (Suma Teológica)

Estamos entrando em um tempo Sagrado, em um tempo de penitência, mas acima de tudo, em um tempo de reflexão. Reflexão sobre a condição humana espelhada na imagem do Cristo Jesus, martirizado, desprezado, desdenhado, traído, abandonado, torturado, Crucificado. Por ironia do destino, a cruz, que era um símbolo de vergonha e por isso de os Romanos fazerem uso desta para condenarem os seus criminosos para cá estarmos, tendo ela como símbolo de nossa fé, espelhando os nossos pecados, apresentando-nos a vergonha que é esse mundo, frutificado de nossa frivolidade.

Vergonha de quê? De negarmos no dia a dia a mensagem do Bom Pastor. Mensagem essa tão simples que acaba se tornando por demais complexa, inundando-nos com um certo medo, com um estranho pavor de segui-la, de vivê-la. Creio que, de todas as passagens, a que mais pânico nos traz é aquela que diz: "amai-vos uns aos outros como eu voz amei". Como é difícil amar. Como é difícil perdoar. Como é difícil ser simples de coração e sincero de espírito. Como é difícil espelhar-se na Paixão vivida pelo Nazareno.

Olhamos e nos prostramos diante da cruz, assistimos ao épico THE PASSION OF THE CRISTH, de Mel Gibson e nos envergonhamos diante do poder do amor demonstrado pelo Deus que se Fez carne e, logo que viramos as costas nos tornamos desavergonhados e fingimos que não mais é com a gente, mas com os outros em especial, com os nossos desafetos e passamos a nos portar como legítimos fariseus como aquele do Evangelho de Lucas, como pseudomoralistas.

Enchemos a boca para nos afirmarmos, para dizermos de maneira soberba: "eu sou Cristão!" Creio que seria mais conveniente fazermos como o filósofo Eric Voegelin que simplesmente dizia quando interrogado se era ou não Cristão: "Eu me esforço para tanto". Não seria? Será que nos esforçamos como deveríamos? Será que nos fazemos dignos das promessas de Cristo? Será que procuramos nos aperfeiçoar a partir de Seu exemplo ou preferimos adaptar o Seu magistério ao nosso mau andamento?

Somos mesmo degradados filhos de Eva, dissimulados filhos de Adão e, ainda, encobertos neste mundo pela mimética sobra de Caim e banhados no inocente sangue de Abel. Nos guiamos pelos desejos frutificados das mais tolas e fúteis paixões nos entregando aos mais descabidos descalabros. Desejamos ter e "ser" o que outros têm e "são", mas nos negamos a singrar pela dura vereda que para chegar tal e aí, nos entregamos e sucumbimos na mais deleitosa inveja para que ela nos definhe até o último facho de luz que habite nossa carcaça desvalida.

Acreditamos assim que liberdade é a entrega de nossa parte à volúpia de nossos desejos, apesar de tal gesto nos agrilhoar a miséria da carne. Difícil é a lição da liberdade, pois essa é uma lição a ser ministrada para as atitudes do espírito e não na lassidão deste mundo dominado por potestades plúmbeas. Liberdade é força de sorrir diante dos tiranos, diante de nossos algozes, não por insolência, mas pela certeza de que podemos e devemos ser maiores que o vulgo que nos rodeia e nos quer dominar, exemplo esse, presente na Paixão do Cristo Jesus, sacrificado na cruz, que das mais variadas maneiras, insistimos em negar para assim nos conformarmos e nos confortarmos com nossa vaidade, com nossa baixeza existencial, afastada do Divino, distante do humano e degradadamente próxima da barbárie animal.


Nota do Editor: Dartagnan da Silva Zanela é professor e ensaísta. Autor dos livros: Sofia Perennis, O Ponto Arquimédico, A Boa Luta, In Foro Conscientiae e Nas Mãos de Cronos - ensaios sociológicos; mantém o site Falsum committit, qui verum tacet.
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