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Opinião
26/03/2005 - 18h19
O milionário vampiro do Caribe
Ipojuca Pontes - MSM
 
"Embarcaram na conquista de um sonho, mas só alcançaram um pesadelo" - Alina Revuelta, filha de Fidel Castro.

Todos repetem - e todos têm razão - que um dos melhores negócios do mundo é o sujeito se tornar ditador. Segundo a revista "Forbes", Fidel Alejandro Castro Ruz, eterno ditador cubano, encabeça pela segunda vez consecutiva a lista dos "homens mais ricos do mundo", com um patrimônio pessoal que ultrapassa a casa dos US$ 550 milhões. Castro tem pelo menos 36 mansões, se locomove exclusivamente em comboios de Mercedes-Benz e, recentemente, vendeu aos franceses a fábrica de rum Havana Club, embolsando na operação cerca de US$ 50 milhões.

No torvelinho da miséria geral que tritura a ilha-cárcere - na qual a população vive submetida a permanente regime de racionamento alimentar e de energia elétrica ("apagons"), e onde médicos e professores transformados em mão de obra primária ganham, em média, 8 US$ por mês (com direito a cota de duas asas de frango para consumo semanal) -, o Drácula do Caribe navega, junto com a vasta corriola de serviçais e guarda-costas, num mar de riqueza e prosperidade. A "Forbes" garante que Fidel aumentou em pelo menos cinco vezes o seu (dele, lá) patrimônio nos últimos dois anos, saltando de US$ 110 milhões para US$ 550 milhões, a partir de envolvimento com operações e negócios bancários, comerciais e industriais, não apenas em Cuba, como em diversas partes do mundo. Para quem ganhava, de início, como Líder Máximo do "Paraíso Caribenho", salário de 600 pesos, é competência que nem Bill Gates pode sonhar.

Em livro de confissões lançado recentemente em Paris, "Uma questão de idade", a professora de Ciências Políticas da Universidade de Paris, Evelyne Pisier, durante algum tempo amante de Castro, revela desiludida que conheceu o ditador quando ele rondava a casa dos 40 anos: "Parecia generoso, muito infantil, quase ingênuo, mas determinado. Era extremamente antiamericano, corajoso e, sobretudo, terrivelmente sedutor. Gostava de seduzir e conseguiu isso comigo. No entanto, de repente, muitos amigos intelectuais começaram a ser perseguidos e presos, alguns pelo fato de serem homossexuais. Foi o fim da liberdade. Decepcionada com a repressão, mudei radicalmente e em 1968 cortei os contatos".

Talvez sem querer, a desiludida professora francesa (Ah, sempre as francesas!) revela, em seu depoimento, o modo como Fidel Castro se apossa das pessoas e se apossou, no plano coletivo, do corpo e da alma da população cubana para sugá-la até a anemia profunda: 1) o tirano inventou um bode expiatório (os Estados Unidos), 2) adotou a persona generosa do bem-intencionado "líder revolucionário e salvador da pátria" e, sem remissão, 3) assumiu o papel do sedutor que conduziria a massa caribenha até o paraíso dourado das conquistas de "La Revolución". Resultado lógico e evidente: como o vampiro da história fantástica, que retira o sangue das vítimas a partir da mordida profunda dos incisos, o ditador da ilha-cárcere eterniza a própria vida decrépita em cima da mortuária dos que agonizam no estreito circulo de ferro comunista da fome, do medo e do horror.

Agora mesmo, uma de suas vítimas, o jornalista Manuel Vázquez Portal, considerado pela DGI (Direción General de Inteligência) cubana como "mercenário a serviço de uma potência estrangeira", revelou a um corresponde do "Le Monde", depois de escapar temporariamente de masmorra de La Cabana, nos arredores de Havana: "Se tivesse que resumir minha provação numa só frase, diria que passei 15 meses dentro de um curral de porcos: você não vê ninguém, não fala com ninguém, e é preciso ter muita disciplina para não enlouquecer... Eu tinha ferros amarrados nos pés e algemas nas mãos. Na cela de dois metros e meio, chovia sempre e o colchão era sujo, velho e rasgado. Eles me tosquiaram a cabeça e o rosto".

Vázquez, um dos 14 libertos pela pressão da Anistia Internacional (dos 80 jornalistas que foram presos em 2003 por desafiarem a implacável censura de Castro sob pretexto de colaborarem com Washington), confessa, constrangido: "Eu não me sinto livre, porque nenhum cubano está livre e, além disso, o regime de licença extra-prisão constitui uma falsa liberdade. Aqui, nos só temos duas opções: o exílio ou o silêncio total, uma vez que sempre paira a ameaça de ser enviado de volta a prisão. Além disso, aqui eu não tenho nenhuma possibilidade de trabalho, estou com 53 anos e cansado. Se for embora, será para poder retornar, é um recuo tático; eu não estou abandonando a luta nem as minhas convicções".

Fidel Castro não dá a mínima para tais dramas, que considera banais e inexpressivos. Há quase meio século convive com as "lamurias dos lacaios do imperialismo", que, de resto, industrializa como proveitoso álibi para a manutenção e propaganda do regime. No momento, sua preocupação principal é aprofundar os laços de cooperação e ensinamentos "técnicos" da DGI no Brasil, um dos territórios do Hemisfério Ocidental, divididos por Fidel para fins de recrutamento, espionagem, contra-espionagem e implantação do socialismo na América Latina (os demais, pela ordem, são: Colômbia, Venezuela, e Equador; Argentina, Chile e Peru; República Dominicana, Haiti e Jamaica; Guatemala e América Central; Bolívia).

Pelo que se sabe, o Líder Máximo não encontrará aqui o menor obstáculo para fomentar os conhecimentos e a ação de sua polícia secreta, pois, sabe-se, a partir de acordo oficial com a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), poderemos contar de agora em diante com o apoio e a eficiência metodológica da DGI, "um dos melhores serviços secretos do mundo, junto com o de Israel e da Rússia" - nas palavras do chefe da casa civil do governo Lula, o ministro José Dirceu, de passagem, tido como um dos seus melhores alunos.

Para finalizar, é preciso dizer a verdade: o tirano sabe como preservar sua fortuna pessoal (além do poder e a glória em escala continental). E também, pelo que se vê, como ampliá-la, pois na ordem prática das coisas, a segurança da DGI serve para assegurar sempre em ascensão a riqueza milionária e gotejante de sangue do Drácula do Caribe.


PS - O presente artigo já havia sido escrito quanto Fidel, em discurso ditatorial, negou que fosse milionário, conforme reportagem da revista "Forbes", que o listava entre os homens ricos do mundo. Até que Castro processe a revista e prove em juízo que não é rico (muito mais, até, do que a "Forbes" apregoa), fico com a versão da revista, no meu entender, de muito maior credibilidade e confiança.


Nota do Editor: Ipojuca Pontes é cineasta, jornalista, escritor e ex-Secretário Nacional da Cultura.

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