Pudera todas as quadrilhas de delinquentes que sucateiam a fazenda pública tivesse Robertos Jeffersons em seus meios, para num surto de patriotismo denunciá-las. Para tanto, os homens deveriam ser mais que homens: super-homens, aos quais pouco importam as consequências pessoais. Ao ser preso, Roberto Jefferson nos fez atinar às páginas memoráveis do Zaratustra, de Nietzsche: “O homem é superável. O que fizeste para o superar? Até agora, todos os seres têm apresentado alguma coisa superior a si mesmo; e vós, quereis o refluxo desse grande fluxo, preferís tornar ao animal, em vez de superar o homem?” Ao ser preso, Jefferson carimbou os lulopetistas mensaleiros (e aqueles que, “por nada saber”, escaparam do teste de homem na prisão), na lembrança de sua preferida “my way”, de Sinatra, que muito tem, também, a forjar nosso caráter, ainda que posto sob o balanço dos ventos do certo e do errado. Retomando Zaratustra: “Que é o macaco para o homem? Uma irrisão ou dolorosa vergonha? Pois é o mesmo que deve ser o homem para o super-homem: uma irrisão ou uma dolorosa vergonha. Percorrestes o caminho que medeia do verme ao homem, e ainda em vós resta muito do verme. Noutro tempo foste macaco, e hoje o homem é mais macaco do que muitos macacos.” Macacos que imaginaram tornar-se dignos ao cerrar os punhos contra a justiça suprema de sua terra, protestando uma grotesca inocência. Jefferson, cuja saúde está estampada em seu velho corpo, foi o único super-homem. E que, com a autenticidade dos grandes, ainda que de passado maculado, manifestou, com a graça ausente dos fracos, seu símbolo da liberdade, nosso bem mais valioso: uma volta em sua moto Harley Davidson. Nota do Editor: Amadeu Roberto Garrido de Paula é advogado especialista em Direito Constitucional, Civil, Tributário e Coletivo do Trabalho e fundador da Garrido de Paula Advocacia.
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