Surge, escandalosamente, poucos meses antes de começar a campanha eleitoral, a cobrança da dívida – hoje fixada em R$ 8,7 milhões – contraída em 2010, pelo PSDB, na campanha de José Serra à presidência da República. Vem numa hora crucial e pode levar até ao raciocínio de que um partido em débito não tem condições de assumir o governo. Se contraiu a dívida em campanha, a direção tucana deveria, com a devida responsabilidade e zelo, já na oportunidade dispor dos recursos para pagamento. Se não tinha o dinheiro, deixa a impressão de que, se ganhasse as eleições, poderia saldar o compromisso com dinheiro público. Pior que essa má imagem é que, junto à discussão sobre a dívida de 2010, divulga-se que o partido também não pagou o mesmo fornecedor na campanha presidencial de 2006, quando perdeu com Geraldo Alckmin, fazendo depois um acordo cuja última parcela ainda será depositada em abril. É preocupante quando isso ocorre com o principal partido de oposição, que já governou o país por oito anos, pretende voltar e governa vários estados, inclusive São Paulo, há 20 anos. Num país convulsionado pelos inúmeros casos de corrupção e malversação do dinheiro público, é lamentável que uma instituição do tamanho do PSDB que, como todos os partidos, tem a obrigação de ser séria e opção ao eleitorado, surja agora no cenário nacional como não cumpridora de seus compromissos mais básicos, como o pagamento das dívidas de campanha. Se não tem como administrar e levar a bom termo a própria campanha, que se poderá pensar de sua atuação na administração pública? Ter dívidas de campanha não pagas deveria ser item impeditivo à posse dos eleitos para a presidência da República, governos estaduais e prefeituras, para evitar que possam pagar a conta com o dinheiro do povo. Aécio Neves, atual presidente nacional, virtual candidato à presidência da República e neto de Tancredo, tem de agir rapidamente para salvar a agremiação e as próprias aspirações políticas. Precisa apurar de imediato o ocorrido e, já que o assunto veio a público, comunicar à Nação o que efetivamente aconteceu e promover os devidos reparos. Um partido que não paga as próprias contas, não merece crédito. É desastroso para a vida política nacional que, por obra de maus dirigentes, as instituições percam credibilidade. Isso precisa acabar! Além do próprio partido, os parlamentares de todas as agremiações deveriam pugnar pela apuração dos fatos. É caso até de realizar-se uma CPI. Nas instituições militares é passível de punição todo aquele que, por ação ou omissão, permite pairarem dúvidas sobre a honorabilidade da instituição. Nos partido políticos também deveria ser assim... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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