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SEÇÃO
Crônicas
27/03/2005 - 08h15
E que tal se os homens fossem para a cozinha?
Artur de Carvalho - Agência Carta Maior
 

Antigamente tinha doce em tudo quanto é casa que a gente visitava. Mesmo as mais pobres. Desses doces caseiros, sabe? Doce de abóbora com coco ralado. Doce de abóbora em pedaços. Doce de mamão. Doce de mamão verde. De cidra. E os doces de leite? Tinha doce de leite pastoso. Doce de leite em pedaços. Doce de leite com amendoim. E sempre tinha também na geladeira um pedaço de queijo branco pra gente comer junto. Hoje em dia não tem mais nada disso. Ninguém mais tem tempo de fazer doces e a gente acaba se virando com latas de figo em calda. Ou de pêssego.

Acontece que quem fazia esses doces eram nossas avós. Minha avó, por exemplo, passava o dia inteiro em casa, e como não tinha lá muito o que fazer, ficava fazendo doce. Ela até armazenava nuns potes, para dar de presente para as visitas. Só que a minha avó, e a avó de quase todo mundo da minha idade, já passou dessa para a melhor, que deus às tenha. E as filhas delas, a minha mãe por exemplo, elas são de outra geração. Elas já são avós, sim senhor, mas são avós modernas. Elas passam o tempo fazendo hidroginástica, indo ao cinema ou se reunindo com as amigas na igreja. Têm até umas que se reúnem para um joguinho de baralho, servem um licorzinho e abrem um pacote de chips para animar a noite. Mas doce que é bom, necas.

Essa geração de mulheres, nossas mães, até sabem fazer os doces, vá lá. Mas só fazem quando a gente pede. A gente tem que chegar e falar "ô mãe, tô com vontade daquele doce de abóbora com coco que a senhora fazia quando eu era criança" e aí ela vai lá e faz, toda contente por estar fazendo alguma coisa pelo filhinho de 40 anos, mas no dia seguinte ela vai mesmo é para a hidroginástica. Ou para o jogo de baralho. E o próximo doce só sai quando alguém pedir de novo.

A geração seguinte, então, a da minha mulher, até se lembra dos doces, como eu, mas não tem mais a menor idéia da receita, "e mesmo se eu tivesse, em que hora que eu ia fazer?" a minha mulher me perguntou outro dia desses, recém-chegada do emprego e saindo correndo para a faculdade. Vejam bem, isso não é uma crítica às mulheres, nem nada disso. É apenas uma constatação. Se nós, homens, não formos agora mesmo para a cozinha, será o fim dos doces caseiros, e nós estaremos eternamente condenados a comer sorvete Kibon de sobremesa. Porque, veja só, outro dia desses, pensando nessas coisas, eu virei para minha filha e falei "pombas, que saudade de um doce de abóbora", no que minha filha fez uma careta e, com a língua de fora e cara de nojo, me respondeu, espantada:

- Doce do quêêêêê????

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