Diz-se que o ano começa quando termina o Carnaval. Nesse raciocínio, 2014 está começando agora. Mas temos de lembrar que esse é um ano atípico. Em junho teremos a Copa do Mundo e em outubro as eleições que renovarão os mandatos de presidente da República, governadores, deputados (federais e estaduais) e um terço dos senadores. Com esses megaeventos, pode ser que o ano ainda não comece agora e só venha a efetivamente se instalar depois de 5 de outubro (dia da eleição), onde a escolha dos majoritários não ficar para o segundo turno. Há alguns meses, vemos os políticos em movimento pela definição dos candidatos e em campanha eleitoral precoce (e ilegal). A partir de agora, teremos um misto de futebol e política. Em junho, quando se realizarão os jogos da Copa, haverão também as convenções partidárias, de onde sairão os candidatos que, a partir de julho poderão fazer comícios e campanha em busca do voto. Muitas candidaturas sairão entre os gols da seleção brasileira. Por conta da Copa, muitos dias de trabalho serão eliminados ou pelo menos reduzidos para a população torcedora acompanhar os jogos. Pelas eleições, a administração pública deixará de contratar ou remover servidores e de contratar serviços. Isso sem falar que seus titulares, muitos deles candidatos à reeleição dificilmente terão cabeça para governar, já que estarão empenhados na luta pelo segundo mandato. Isso fará de 2014 um ano, efetivamente, diferente, provavelmente para pior que os demais. Não podemos nos esquecer que, apesar de Carnaval, Copa do Mundo e eleições, temos os grandes desafios a administrar e vencer. A Economia dá sinais de crise, produz pouco e a inflação ameaça voltar a elevados níveis. A Segurança Pública é caótica e parece cada dia mais incontrolável. Os serviços públicos básicos (Educação e Saúde, principalmente) não atendem às necessidades da população, embora figurem como direitos constitucionais do cidadão. O povo, insatisfeito, manifesta-se como pode e, por vezes, até como não poderia. 2014 é, de fato, um ano diferente. Oxalá a seleção – ao contrário de 1950, quando também sediamos a Copa – ganhe o caneco, e o povo, pelo menos, tenha discernimento para votar naqueles que melhor possam conduzir o país e resolver seus problemas... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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