Ainda bem que o Sr Corsino admite que os professores não são abutres! Também concordo que é necessário fiscalizar o destino das verbas da educação. Mas essa responsabilidade não deve se restringir apenas ao prefeito ou ao secretário de Educação, tanto é que grande parte dessas leis tiveram origem no movimento dos professores. No entanto, não concordo que as minhas afirmações estavam fora de contexto e com caráter de arroubo poético.

O objetivo do texto é justamente trazer para o centro da discussão a escola e a educação. O desvio de verbas da educação é um dos problemas e se colocou a opinião de um técnico, o que é insuficiente. É necessário que toda a sociedade entre nessa discussão, pois é ela que financia a educação e a ela deveriam retornar os benefícios de uma educação de qualidade.

A educação é tão importante e tão complexa que a UNESCO solicitou a um grupo de técnicos de diferentes partes do mundo para que fizessem um diagnóstico, o Relatório DELORS, que foi publicado no Brasil pela Editora Cortez com o nome de EDUCAÇÃO - UM TESOURO A DESCOBRIR.

Nesse relatório, há um relatório individual de um dos técnicos que lamenta a atitude da UNESCO pois, ao mesmo tempo que solicitou esse trabalho, incentiva políticas públicas de educação que vão contra as orientações desses técnicos, e, em nome da economia, superlotam as salas de alunos e achata-se o salário do professor. Para ele, não adianta garantir uma melhor formação se o professor não tiver condições dignas de sobrevivência e de desempenho de suas funções.

As condições de trabalho são tão precárias que o magistério está perdendo seu atrativo para os jovens, embora seja uma área que absorva e ofereça um grande número de vagas. As últimas pesquisas tem apontado que, no Brasil, já faltam mais de 100 mil professores e que, grande parte do magistério está próximo à aposentadoria, o que pode provocar um colapso na educação.

No texto do Sr Corsino aparece o seguinte trecho: "Não devem faltar em Ubatuba aqueles professores que não querem dar aula, mas que desejam salvar o mundo com programas especiais (projetos) de educação ambiental para terceira idade, comunidades rurais, crianças em situação de rua etc. Nada disso é de sua responsabilidade."

É responsabilidade do professor estar antenado ao seu tempo para que possa atender às demandas dos alunos e problematizá-las, levando-os a uma participação consciente. Se o mundo está a beira do caos, os educadores não devem se perguntar o que é que podem fazer e elaborar projetos em parceria com outros movimentos sociais? A escola pode continuar a ser uma torre de marfim? Não temos resposta para tudo, mas se aprende a caminhar caminhando.

Faz parte do bom planejador e do cientista, ao constatar um problema, buscar os porquês de tal situação:

Por que esses professores querem sair, abandonar a sala de aula?

A pesquisa da Universidade de Brasília, publicada com o nome de EDUCAÇÃO, CARINHO E TRABALHO tenta responder, fazendo uma radiografia da escola brasileira e seus problemas. O próximo passo é encontrar alternativas e soluções e isso depende de todos. Não adianta apontar para o professor como a Geni da música do Chico Buarque.

O que mais o professor precisa hoje é de estímulo, respeito e melhores condições de trabalho.