O Tesouro Nacional destinará R$ 12 bilhões para manter as distribuidoras de eletricidade que, com a falta de água nas hidrelétricas, hoje são obrigadas a adquirir a energia das usinas térmicas, de custo mais elevado. Mas, como vivemos num ano eleitoral, a conta do consumo extra só será apresentada ao consumidor em 2015. Aí é que reside o problema. Os recursos usados para socorrer as distribuidoras devem sair de algum lugar que ficará a descoberto, pois todo o dinheiro que o governo possui vem dos impostos pagos pelo contribuinte e é carimbado, com finalidade definida. Se desviá-lo para outra finalidade, a finalidade original fica sem cumprimento. E o pior é que, no próximo ano, o consumidor será chamado a pagar a conta. Correrá, assim, o risco de pagar duas vezes: agora, pela falta dos serviços relativos aos recursos transferidos às energéticas e, depois, pagando a conta propriamente dita. Como não é o dono, mas apenas o gestor do dinheiro público, o governo não deve utilizá-lo fora de suas finalidades e nem de forma a proteger interesses eleitoreiros. Quem consome produtos como eletricidade, combustíveis e serviços sob o controle estatal, deve pagar o justo preço. Toda vez que o governo concede subsídios ou benesses, está prejudicando o próprio setor e criando turbulência à administração financeira e à economia nacional. Nesse raciocínio, a “bondade” que a presidenta promoveu no ano passado, reduzindo em 20% a fatura da conta de luz, foi indevida pois, segundo os especialistas, trouxe turbulência ao setor. Em vez de fórmulas mágicas, deveria promover amplo trabalho de conservação energética, estimulando a substituição de equipamentos e luzes por peças da mesma eficiência e menor consumo. Ao mesmo tempo em que faz toda essa encenação economico-eleitoreira, de deixar a dívida elétrica para o consumidor pagar no próximo ano, o governo brasileiro mantém milhares de cargos políticos e elevados gastos na sua própria máquina e, ainda, se dá ao luxo de sair pelo mundo perdoando bilhões de dólares em dívidas e concedendo novos empréstimos para países que pouco ou nada tem a ver com o Brasil, mas seus dirigentes são ideologicamente afinados com os governos do PT. Os recursos do Tesouro Nacional, BNDES e de todo o erário brasileiro devem atender às necessidades nacionais. Jamais deveriam atravessar as fronteiras, por mais “compañeros” que sejam os beneficiários... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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