Nós, mulheres de sessenta, surpreendemo-nos a cada minuto com as mudanças repentinas e com as surpresas científicas que precisamos acompanhar. Nascemos entre uma guerra mundial com valores patriarcais rígidos. A virgindade era um preceito e um preconceito. O sexo, escondido... Ninguém falava dele. Biquínis?... Vi uma estrangeira ser areada por homens que a desejavam, porque na praia. Se na calçada, seria apedrejada. Nós - mulheres da geração de 1945 - fomos educadas para termos um homem e cuidar dele e acabamos descobrindo a solidão, usando biquínis, tomando pílulas e indo trabalhar, coisa até então concedida apenas para os homens. E, principalmente, aprendemos a reivindicar o privilégio de gozar. Não apenas na cama. A escolher o que desejávamos. E isso ficou muito complicado, porque perdemos a nossa segurança e ficamos com dois valores a nos enviar mensagens disparatadas. Agora, a escrever, por que nossa geração foi a privilegiada? Ou será que foi a cobaia? Aprendemos que putas usavam biquínis e usamos. Que só putas gozavam e obtivemos o orgasmo. Que tomar pílula dava câncer, mas tomamos para optar por quantos filhos queríamos. Que..., que.... e mais quês. E agora, para finalizar, aprendemos que hormônios também davam câncer e descobriram hormônios naturais que não dão câncer. E a mulher, então, está fazendo sua reposição hormonal. Sua pele ficará mais viva e não se ressecará e poderá abraçar homens que ainda não conhece, para eles também existe a reposição hormonal - e, modernamente, o tão falado Viagra e similares. Mas, existirá a reposição de tantas mudanças imediatas e concretas? Que as gerações futuras, principalmente nossos filhos, agradeçam-nos termos atravessado tantas crises com medo e sobressaltos e mostrado que só as mudanças possibilitam a homens e mulheres a infinita possibilidade de escolherem o caminho que percorrerão.
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