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Opinião
25/03/2014 - 15h02
O fracasso das marchas...
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

A chamada “Marcha da Família com Deus pela Liberdade” reuniu 700 pessoas em São Paulo, 150 no Rio e poucas dezenas em Brasília, Fortaleza, Campinas (SP) e Recife. Muito diferente da marcha original, realizada em 19 de março de 1964, capitaneada pela alta burguesia, igreja católica e até pelo governador do Estado, que levou 500 mil pessoas às ruas de São Paulo, num ato tido como forte indutor do golpe, então chamado “revolução”. Também foram poucos os presentes à “Marcha Antifascista”, que se contrapunha à primeira. Fica claro que, felizmente, hoje o povo, embora insatisfeito, não apóia a simples reedição da ruptura institucional de 50 anos atrás.

É preciso entender que em 1964 estávamos no auge da Guerra Fria, que dividia o mundo entre direita e esquerda, e Cuba era vista com uma ameaça. O anticomunismo era doutrina tão forte quanto o comunismo, e que hoje tudo isso não passa de história. Ao povo pouco importa direita ou esquerda. Os protestos atuais ocorrem por questões práticas e não por ideologia, embora setores radicais – os black blocs, por exemplo – se esforcem para politizá-los. Hoje se sai às ruas em passeata contra o preço do ônibus, pela moradia, educação e saúde pública, contra a Copa do Mundo, a corrupção e outros problemas pontuais.

Os governantes, partidos políticos e lideranças da sociedade precisam compreender o recado das ruas e do povo não engajado que, a seu modo, luta por direitos básicos e se escandaliza com a troca de acusações que os políticos costumam fazer uns contra os outros sempre às vésperas dos períodos eleitorais. Quem governa ou pretende vir a governar a União, os Estados e os municípios, deve ter muito juízo e lutar com todas suas forças pelo fortalecimento do regime democrático e em favor da regularidade e eficiência da administração pública, sem o que o país marcharia fatalmente para o caos.

Recorde-se que, em 64, o golpe (ou revolução, tanto faz) consumou-se sem o disparo de um tiro sequer, e deu no que deu. Ninguém é capaz de estimar o que teria ocorrido se, em vez daquela, tivéssemos sido submetidos a uma ditadura de esquerda, que muitos defendiam na época. Cuba atual talvez nos seja uma pista. O importante é manter a democracia, recuperar a imagem da classe política e acabar com todos os escândalos político-administrativos que “nunca antes neste país” foram tão explícitos e pouco ou nada resolvidos. O fracasso das marchas é claro: o povo não quer a quebra do jarro. Mas, se ele vier a quebrar, não será possível prever as consequências...


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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