Hoje eu li a coluna do Pasquale Cipro Neto, na Folha de São Paulo, exaltando a vitória das esquerdas contra o movimento cívico-militar de 1964. Tomou como mote a música Cálice, de Chico Buarque. Toda a esquerda, e o Pasquale também, exalta a suposta resistência como o prolegômeno da vitória política que se completou com a eleição de Lula e do PT. O que me chamou a atenção é que essa música – um lamento para os malucos guerrilheiros encarcerados –, não apaga outras músicas que são verdadeiros cantos guerreiros e ânsia revolucionária, uma exortação à ação letal contra o povo e o Estado. Peguemos outra música do Chico Buarque, Baioque, da mesma época, como exemplo. As duas primeiras estrofes não dão margem a dúvida alguma. É uma ameaça, um estímulo à matança. A faca que já não corta estava mesmo na mão guerrilheira, não na mão dos militares. A desonestidade dos artistas engajados na propaganda revolucionária é total. Eles, os guerrilheiros, não foram atacados; a Nação, representada pelas Forças Armadas, é que se defendeu. Vejamos os versos: “Quando eu canto, que se cuide quem não for meu irmão O meu canto, punhalada, não conhece o perdão Quando eu rio Quando eu rio, rio seco como é seco o sertão Meu sorriso é uma fenda escavada no chão Quando eu choro” Outra música de Chico Buarque convocando para a vingança é a notável Apesar de Você: Apesar de você Amanhã há de ser Outro dia Eu pergunto a você Onde vai se esconder Da enorme euforia Como vai proibir Quando o galo insistir Em cantar Água nova brotando E a gente se amando Sem parar Quando chegar o momento Esse meu sofrimento Vou cobrar com juros, juro Todo esse amor reprimido Esse grito contido Este samba no escuro Vejam que a promessa de vingança foi cumprida. Basta ler os jornais do dia, que anunciam que velhos militares retirados da ativa estão sendo achincalhados, humilhados e colocados sob falsos julgamentos apenas para afirmar a vitória da guerrilha, agora pelas urnas. “Quando chegar o momento / esse meu sofrimento / vou cobrar com juros”. Estão cobrando também de outras formas. Na roubalheira; na incompetência; no escárnio contra os valores estabelecidos; no esforço cotidiano para construir o novo homem dos novos tempos. O “amor” reprimido estava nas balas traiçoeiras dos guerrilheiros, que mataram um monte de gente inocente. Um canto de ódio. A alegria de Pasquele Cipro Neto ao comentar a canção contrasta com o luto vivido pelas pessoas de bem. O ano de 1964 é para ser lembrado como marco da nacionalidade, que se impôs à potência estrangeira que se amigou com os nefandos guerrilheiros para exercer o seu poder por aqui. Agora a data está servindo para o escárnio dos mentirosos que chegaram ao poder. Eu realmente espero que a alegria de Pasquale Cirpo Neto seja breve. A dele e as de seus companheiros revolucionários. Não creio que o pesadelo esquerdista que nos governa vá durar muito. São incompetentes demais, são gananciosos demais, são corruptos demais. Estão destruindo o Brasil. Posso até dizer, com o Chico Buarque, que de novo vai passar na avenida um samba popular, não esse canto nefando do fim dos tempos. Nota do Editor: José Nivaldo Cordeiro (www.nivaldocordeiro.net) é executivo, nascido no Ceará. Reside atualmente em São Paulo. Declaradamente liberal, é um respeitado crítico das idéias coletivistas. É um dos mais relevantes articulistas nacionais do momento, escrevendo artigos diários para diversos jornais e sites nacionais.
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