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Opinião
03/04/2014 - 09h00
A causa da estiagem paulista
Amadeu Garrido de Paula
 

Vindicta dos deuses ou da natureza com a escassez das chuvas? Não, culpa do homem; mais precisamente, do governo federal.

Em claríssimas elucidações prestadas ao jornalista Leão Serva, de Manaus, o prêmio nobel Philip Fearnside, radicado na Amazônia, cuja oitiva sofre ojeriza dos governantes brasileiros, não deixa dúvidas.

Em 1976, o climatologista descobriu vários estudos de assentamentos de colonização do Incra; previam alagamentos que seriam provocados às margens do Xingu. Motivo: a edificação de uma série de barragens planejadas pelo governo militar, a fim de viabilizar um conjunto de hidrelétricas na região. Uma delas levaria o nome de Kararaô, agora Belo Monte. Uma mobilização mundial, desde os indígenas locais até o músico Sting, abortou o plano desairado, por ato do Presidente Collor. Lula, que não tomou de empréstimo apenas a agenda de FHC, ressuscitou a insanidade dos militares.

Dilma Russef se encarregou de reduzir a pluralidade de usinas para uma única, de abrangente proporção, junto à chamada “Volta Grande” do Xingu. Uma maluquice (para dizer o menos), segundo o pesquisador: um custo hoje estimado em 40 bilhões de reais para relegar 11 mil megawatts de turbinas paradas 4 meses, em função do regime de chuvas da região.

Vêm por aí, rio acima, novas barragens, para garantir o funcionamento da mega usina. Com mais enchentes e perda do destino natural e adequado das águas.

Recrudesce, assim, a paradoxal aridez amazônica, segundo Fearnside, que alertou, em 1980, para o comprometimento absoluto daquele sistema climático em 50 anos. Depois de 25, o desmatamento foi capaz de gerar o prenúncio de um deserto amazônico: umidade relativa do ar de 20% em Manaus, nas estiagens. E o desmatamento leva as águas para as calhas dos rios, provocando as enchentes.

Resultado: águas perdidas e menor volume transportado pelos ventos para o Sudeste na época das chuvas, o que provoca, como neste ano, a crise dos reservatórios paulistas, como o da Cantareira. Não é coincidência que neste ano o rio Madeira, principal afluente do Amazonas, vive uma de suas maiores cheias, ao passo em que, por estas bandas, o racionamento de água talvez seja inevitável. Fica óbvia a interligação entre as políticas equivocadas na Amazônia e nossas torneiras urbanas.

E o pior de tudo é que a solução do problema só poderá se dar no próximo ano, com o novo tempo das águas, se medidas corretas forem adotadas. E se não persistirem moucos os ouvidos às opiniões de um cientista que não foi à toa agraciado com o Nobel e adotou há décadas a Amazônia como seu habitat e nosso país como sua pátria. Para livrar o Brasil e o mundo do aquecimento global, que muitos governantes ainda insistem em dizer que não passa de lenda para reservar a Amazônia ao imperialismo.

Este é o ano em que os brasileiros podem retirar seu destino do autoritarismo, da corrupção e de comandos psicóticos.


Nota do Editor: Amadeu Roberto Garrido de Paula é advogado especialista em Direito Constitucional, Civil, Tributário e Coletivo do Trabalho e fundador da Garrido de Paula Advocacia.

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