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Opinião
03/04/2014 - 15h02
O dia 31 de março de 1964
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

Atribui–se erroneamente às Forças Armadas a iniciativa de romper com a Constituição de 46 e afastar o presidente João Goulart. Quem o afastou do cargo foi o Congresso Nacional, quando o presidente ainda se encontrava em território nacional. E nisso foi apoiado pelo Supremo Tribunal Federal, governadores, igreja, imprensa, lideranças empresariais, e por expressivas figuras, entre as quais o doutor Ulysses Guimarães, que depois viria a pontificar como grande líder da oposição e artífice da Constituição redemocratizadora de 88. Todos se confraternizaram quando o Congresso deu posse ao presidente da Câmara, Ranieri Mazzili, no lugar de Goulart.

Importante entender que antes dos quartéis se mobilizarem, havia a inquietação dos empresários preocupados com os rumos da economia, a Marcha com Deus Pela Família, capitaneada pela Igreja Católica, por governadores e classes econômicas. Os principais veículos de comunicação do país faziam coro pelo afastamento, além de uma série de outras iniciativas, temperadas pela Guerra Fria. Os Estados Unidos apoiavam as correntes que queriam depor o governante e já deslocavam tropas para o Atlântico Sul. No meio militar a grande queixa era o presidente ter apoiado praças e marinheiros em quebra de hierarquia. Depois de declarada a vacância da Presidência da República, e na iminência de ocorrer uma guerra civil, já que considerável parte das Forças Armadas apoiavam o presidente deposto, os militares assumiram para evitar piores conseqüências à quebra constitucional já praticada pelo Congresso Nacional.

O quadro daquele 31 de março era caótico. Depois de tanta radicalização, restavam duas opções de ditadura. A de direita, e a de esquerda, que os adversários de Goulart diziam ser seu propósito implantar. Na perspectiva dessas cinco décadas passadas, é impossível não cotejar como deveria estar o Brasil de hoje se, em vez da direita que assumiu e todos sabemos no que deu, tivesse assumido a esquerda. Teria optado por qual dos modelos vigentes: russo, chinês ou cubano? Cuba, por ser um país latino, talvez seja o melhor espelho. Será que o Brasil de hoje também estaria “exportando” médicos e ficando com os salários por eles recebidos no exterior? Será que teria médicos? Será que teria se desenvolvido tecnologicamente? Será que hoje teria uma democracia, eleições livres, e os brasileiros o direito de ir–e–vir e de viajar ao exterior livremente?

Por uma questão de preservação histórica, devemos lembrar que, antes da inquietação nos quartéis, as forças civis da sociedade se movimentavam pelo golpe (ou revolução ou contra–revolução). O que veio a acontecer depois de consumada a quebra institucional é pura conseqüência. Mas, ainda assim, resta–nos a dúvida: como teria sido se a esquerda tivesse assumido o poder?...


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)

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