Foi lamentável saber que ainda há quem ache que mulher que use roupa curta mereça ser estuprada. O que alguém que diz isso está, por acaso, querendo insinuar? Que, se um homem ataca uma mulher, violentando-a não apenas na liberdade que ela possui sobre seu corpo, mas também em sua dignidade como ser humano, o problema é da mulher, que despertou os instintos do homem, e não do criminoso, que quis usá-la como objeto para seu prazer. Então, do que adiantam todos os progressos e conquistas feitos pelas mulheres nos últimos anos se a mentalidade dos homens e mesmo de algumas mulheres não mudou, não avançou? Digo isso porque ainda há mulheres machistas, que concordam que a mulher que é estuprada é porque provocou.

Eu convidaria essas pessoas que concordam com esse absurdo a pensar, porque o estupro é tão antigo quanto a própria humanidade e, antigamente, as mulheres usavam roupas muito mais longas. Isso impedia alguma que tivesse a má sorte de passar pelo caminho de um potencial estuprador de ser violada? Não, não impedia. O estuprador ataca a mulher que não pode se defender, porque é um covarde, que não respeita o direito de alguém como um indivíduo a não ser estuprado. Colocar a culpa na vítima equivale a eximir o estuprador de sua responsabilidade em ter cometido um crime tão brutal, que provoca feridas muitas vezes incuráveis na alma da pessoa que o sofreu. E é justo que alguém, após ter sido estuprada, ainda vá aguentar que lancem dúvidas sobre sua honra e seu direito de não ser atacada? Desde quando, então, alguém tem direito a estuprar porque a vítima está usando um determinado tipo de roupa?

Nesses dias, é triste e decepcionante mesmo que existam pessoas com ideias tão preconceituosas e ultrapassadas em relação às mulheres.