25/04/2024  19h52
· Guia 2024     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Opinião
24/04/2014 - 11h02
Prontuário de internação
Dartagnan da Silva Zanela
 

Tudo mundo declara ser uma cândida alma preocupada com a educação. É coisa linda de ver. Todavia, o que torna a situação esquisita é vermos que essas ilações de salão não apresentam fruto algum. E não dão porque essas encenações não passam de pose de bom-mocismo afetado de sujeitos que, no fundo, nunca tiveram nem mesmo apreço pela sua própria educação.

Se não, vejamos: façamos um breve exame de nossa ação educadora. Todos, gostemos ou não, somos pontos irradiadores duma conduta humana possível. Podemos até nos desagradar com essa idéia, porém, mesmo assim, a nossa maneira de viver é um ícone do que um infante deve fazer para ser reconhecido como um adulto.

Vale lembrar que tanto adultos como infantes, tem uma relativa dificuldade em concentrar-se numa contínua, ou fragmentária, exposição oral. Alguns se dedicam na ampliação dessa capacidade, outras tantas, não estão nem aí para o borogodó. Até reconhecem a existência do problema, mas não tem coragem, nem vontade, de enfrentá-lo. Entretanto, os exemplos, tanto os dramáticos como os rotineiramente repetidos, calam, profundamente, em nossa alma tornando claras as questões que doutra forma teríamos dificuldade de aprender.

Dito isso, permitam-nos levantar uma magra lebre: imaginemos um indivíduo devidamente diplomado. Esse sujeito, por ventura, costuma ler com freqüência quando está em sua casa em seus momentos de lazer? Seus filhos, sobrinhos e demais pequenos de seu círculo de convívio, o flagram deitando suas vistas, alegremente, num livro? Será que ele tem o costume de ler para os seus?

Mesmo assim, provavelmente, o sujeito deve comprar livrinhos para os pequenos e cobrar deles o amor a leitura que nunca lhes foi demonstrado através de gesto algum, diga-se de passagem.

Enfim, se fôssemos francos, reconheceríamos que damos pouquíssima atenção para eles, ao mesmo tempo em que exigimos que a sociedade lhes dê aquilo que recusamo-nos regalar àqueles que dizemos amar.

Sem mais delongas, executemos duma vez esse lebrão: o que fazemos em nossos momentos de ócio? Bem aquilo que nossos filhos vêem. Atividades que fazemos com gosto e alegria descontrolada e que pouco tem a ver com educação. E, por essas e outras, que não me empolgo, nem um pouquinho, com todo esse amor pela educação que é apresentado, publicitariamente ou não, em nossa sociedade que, infelizmente, hoje, mais do que nunca, faz do fingimento a instituição cívica número um, reduzindo o amor ao conhecimento a uma esquisitice digna de internação. Fazer o quê?


Nota do Editor: Dartagnan da Silva Zanela é professor e ensaísta. Autor dos livros: Sofia Perennis, O Ponto Arquimédico, A Boa Luta, In Foro Conscientiae e Nas Mãos de Cronos - ensaios sociológicos; mantém o site Falsum committit, qui verum tacet.
PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "OPINIÃO"Índice das publicações sobre "OPINIÃO"
31/12/2022 - 07h25 Pacificação nacional, o objetivo maior
30/12/2022 - 05h39 A destruição das nações
29/12/2022 - 06h35 A salvação pela mão grande do Estado?
28/12/2022 - 06h41 A guinada na privatização do Porto de Santos
27/12/2022 - 07h38 Tecnologia e o sequestro do livre arbítrio humano
26/12/2022 - 07h46 Tudo passa, mas a Nação continua, sempre...
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2024, UbaWeb. Direitos Reservados.