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As denúncias de corrupção são frequentes. Há quem diga que é resultado da democracia, onde a imprensa é livre, pois o assalto aos cofres públicos sempre existiu em maior o menor escala. Outros preferem acreditar que a ladroagem vem crescendo. Independente desses componentes pretéritos, o importante é acabar com a corrupção em todos os níveis. Não podem prevalecer a cultura do “jeitinho”, a “lei do Gerson” e os favorecimentos que criam embaraços ao integral cumprimento das leis, ao funcionamento da sociedade e até questionam a estabilidade democrática. A impressão que o momento transmite ao cidadão comum é de que o país é administrado por um bando de corruptos, que nenhum político presta e que as instituições são impotentes. Precisamos, como sociedade, lutar contra esse estereotipo e, com atitudes, buscar a sustentabilidade social e política. Em primeiro lugar, acabar com o denuncismo eleitoreiro, onde uns acusam os outros com o puro objetivo de colher frutos nas próximas eleições. Sepultar a impunidade, começando pela severa e justa apuração de todas as denúncias a ponto de, ao final, punir exemplarmente os errantes ou, não havendo erro, penalizar os autores de boatos ou falsidades. Valorizar o funcionalismo público e, em contrapartida, cobrar eficiência e retidão de comportamento. Temos de chegar a um estágio onde a burocracia profissional, contratada por concurso público para essa finalidade, seja capaz de fazer a máquina estatal funcionar, e os políticos sejam os responsáveis apenas pela orientação do rumo a seguir, sem ter de por a mão diretamente “na massa”. Governar é a tarefa de definir prioridades e fiscalizar a eficiência de sua execução pelo funcionalismo. Presidente da República, governador, prefeito, ministro ou secretário não deveriam assinar cheques e nem liberar diretamente verbas; isso tem de ser tarefa dos servidores de carreira com responsabilidade funcional específica e poder de análise técnica, sob ordens e fiscalização direta do governante. Senador, deputado e vereador não devem atuar como meros despachantes, mas sugerindo prioridades, produzindo e votando leis e fiscalizando o Executivo. O tempo do mandato, dado pelo povo, é precioso e tem de ser empregado no macro, não no micro. Sua grande missão deve ser criar e gerir políticas e fiscalizar como atuam os integrantes profissionais da máquina pública, sem se imiscuir em suas entranhas. No dia que isso acontecer não haverá mais clima, motivo e nem espaço para mensalões, cartéis, venda de votos, barganhas, mordomias e corrupções diversas. E o país, finalmente, marchará para a solidez e a estabilidade... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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