Mãe é mãe. Disso todo mundo sabe. Não seria ela a negar a regra. Acompanhava de longe a agonia disfarçada do filho, o mais lindo, gordo e rejeitado de todos os colegas de classe. Menino estudioso, rapaz de futuro. Mãe não perde um lance. E ela não perdia. Mãe judia. Festa junina. Como o filhinho mais lindo, gordo e rejeitado de todos, não recebia, ao contrário dos coleguinhas, nenhum correio elegante, tratou de tomar as providências: enviou ao rebento predileto um bilhete da hora: “Sempre te amei, jamais deixarei de te amar, nunca pense em outra mulher, pense só em mim”. O gorducho sorriu de satisfação, como há muito não se via. Atirou o saco de pipoca no chão. Deu de ombros para o churrasco. Exibido, mostrou o recado aos colegas, sem atentar para um detalhe fundamental – a assinatura: “Mamãe”. Nota do Editor: Orlando Silveira mantém o Blog do Lando (orlandosilveira1956.blogspot.com).
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