A promotoria pública de São Paulo vai investigar se a polícia está (ou não) cumprindo a sua missão na greve dos motoristas e cobradores de ônibus. Há o risco dos policiais e da própria corporação serem acusados de omissão ou improbidade administrativa. Vivemos, sem dúvida, o caos criado pela cultura da leniência, da permissividade e da falsa democracia. Ao mesmo tempo em que é espezinhada e perseguida sob a alegação de cometer excessos em suas ações de combate à baderna e à desordem, a instituição policial e seus membros são agora colocados na berlinda por, supostamente, não agir. É uma situação que vem de longe e se arrasta, para demérito e sofrimento dos envolvidos. Os policiais que tiveram a infelicidade de estar de serviço no dia 2 de outubro de 1992 e invadiram o Carandiru rebelado, cumprindo ordens do governador, dos secretários de Estado, da Justiça e do Ministério Público, restaram execrados, perseguidos e condenados a superpenas que chegam a mais de 600 anos. Os inimigos da classe transformaram-nos em monstros, em vez de agradecer-lhes pelo esforço empreendido no restabelecimento do controle do presídio convulsionado. E os governantes, políticos e ativistas demagogos aproveitaram a oportunidade para promover o enfraquecimento da instituição policial, chegando ao extremo de implodir o presídio, cujas vagas hoje fazem falta no caótico sistema penitenciário paulista. A Polícia Militar é uma instituição de rígidos controles. Ela própria coíbe e pune os excessos praticados pelos seus membros. Mas, de quebra, há o oportunista ativismo daqueles que protegem ou toleram os esquemas criminosos e vêem excesso em toda operação policial. Isso vai minando o ânimo da tropa que sabe, previamente, dos problemas que virão depois de qualquer ação. É um mal que os fantasiosos anarco-democratas conseguiram cometer contra a polícia e, evidentemente, em prejuízo a própria sociedade e da segurança pública. Algo de muito sério e urgente precisa ser feito para a recuperação do equilíbrio perdido. O policial – que, muitas vezes, é obrigado a decidir sozinho sua ação em fração de segundo – precisa saber concretamente o que pode e o que não pode fazer para cumprir sua missão. Sem essa certeza e, na possibilidade de ser execrado, perseguido, condenado e perder o emprego, esse profissional, que também é um ser humano, tem o direito de preferir poupar a si próprio e, nisso, não há o que se falar em omissão ou improbidade... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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