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Opinião
26/05/2014 - 11h00
Justiça da barbárie
Ronaldo Sindermann
 

Diante da percepção de que o Estado não faz justiça, pois prende e solta ou nem prende, vem crescendo o perigoso movimento de justiça com as próprias mãos, ou seja, temerária sentença da barbárie.

A banalidade do mal em pleno século XXI vitimou a dona de casa paulista de 33 anos, repetindo-se o fato ocorrido há dois mil anos, em Jerusalém, quando um homem acusado de perturbar a ordem foi condenado à morte a pedido da população induzidos pelos sacerdotes da época para ser pregado e morto na cruz. Era Jesus de Nazaré.

O que leva uma mulher a ser falsamente acusada de sequestrar crianças para rituais de magia negra? Caçada por uma multidão enfurecida foram incentivados por um retrato–falado ao massacre difundido por um perfil na rede social e morta a pauladas como que: “Agora se fez justiça”.

A descrença nas instituições públicas, a ideia de que os Direitos Humanos é um privilégio para criminosos e bandidos, parte de uma sociedade que acredita que o linchamento é a única solução de se fazer justiça.

Um a zero para sociedade como dizem, quando alguém suspeito de algum crime morre violentamente.

– Pagou pelos seus crimes!

É assustador o ato de barbaridade como esse, que tirou a vida de uma mãe de família que não tinha nada a ver com a desconfiança da população, pois tudo não passou de um boato na rede social posteriormente admitido.

É necessária a urgente intervenção das autoridades deste país para se barrar esta enganosa concepção de justiça.

Fingir que a barbárie é algo novo no Brasil não vai nos ajudar em nada, pois ela está presente em nosso dia-dia há muito tempo, praticado por pessoas que fazem seu próprio juízo e determinam as execuções incitando a população, fazendo crer que trucidar alguém é a única justiça.

Os números são claros no levantamento feito pelo Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo que mostra, entre os anos de 1980 e 2006, foram noticiados 1179 casos de linchamentos no Brasil, ou seja, uma média superior a três casos por mês.

Infelizmente, o linchamento cometido contra a dona de casa logo será esquecido e nem ao menos servirá de lição aos milhares de brasileiros que utilizam as redes sociais. Muitos continuarão postando agressões e boatos, incentivando a cultura do ódio. É bom ter em mente que agressões e boatos também provocam barbáries e quem curte, comenta e incentiva pode ser o autor da primeira pedra para assassinar, como o crime que foi cometido contra a da dona de casa Fabiane Maria de Jesus.


Nota do Editor: Ronaldo José Sindermann (sindermann@terra.com.br) é advogado em Porto Alegre, RS.

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