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Opinião
30/05/2014 - 07h23
A lógica do bem viver
Glória Fátima Nascimento
 

“Viver bem é viver em harmonia com os ciclos da vida, saber que tudo está interconectado, inter-relacionado e é interdependente; viver bem é saber que a deterioração de uma espécie é a deterioração do conjunto. Os pensamentos e sabedorias dos nossos avós que hoje nos dão a clareza do nosso caminhar.” As palavras são do boliviano Fernando Huanacuni, no fórum público “El buen vivir de los pueblos indígenas andinos”, mostrando que emerge dos povos da América uma nova forma de ver o mundo.

É uma cosmovisão, onde ser humano e Terra (a Pachamama) formam uma única conexão. Necessária para a sobrevivência da raça humana. Neste ponto de vista, tudo é compartilhado: o alimento, o ar, o tempo e o saber. Não há espaço para o acúmulo. Importa muito mais o ser que o ter.

Viver bem não é viver melhor. Segundo essa reflexão, o “viver melhor” está conectado com a lógica do consumo desenfreado. O exemplo dado é: quando alguém está doente, perguntamos: “Você está melhor?” E a resposta é: “Sim, melhorei.” Melhorar não é estar bem!

Muitas das vezes, quando queremos evidenciar que alguém financeiramente deu um salto na vida, dizemos: “Fulano melhorou de vida.” Não que isto seja ruim, ao contrário, todos temos direito a uma vida confortável e digna. O problema reside no fato de que a evidente melhora talvez seja fruto de uma excessiva competição, num mundo dividido entre fortes e fracos, ganhadores e perdedores.

“Estar bem de vida” não é o mesmo que viver bem. A lógica do bem viver perpassa pelo caminho da solidariedade, da percepção de que todos fazemos parte da mesma imensa família humana. Significa busca da plena vivência da harmonia e do equilíbrio entre todas as espécies viventes, e perceber o quanto de sagrado está presente no cotidiano.

Todos somos sementes. De que modo queremos germinar? Vivemos para quê? Qual a nossa grande meta? Qual o nosso objetivo? Por que lutamos, corremos, trabalhamos, criamos laços, família, amigos? Por qual motivo nos alimentamos, nos exercitamos, nos divertimos, brigamos, choramos, nos separamos e nos reencontramos?

O que buscamos? Alguns dirão: a felicidade. Cantou o poeta que “é impossível ser feliz sozinho”. A felicidade é coletiva! Exige o esforço do encontro com o outro e a outra. É fruto de uma tomada de rumo.

Neste sentido, a lógica do bem viver é altamente revolucionária. Num mundo marcado pelo sempre novo (novo celular, novo iPad, tablet, iPod, nova marca de roupa, novo carro, tudo em 60 vezes com juros), tal lógica nos convoca a ouvir os velhos sábios, a perceber a tradição como fonte de renovação e de prosseguimento da vida.

E a educação com isto? Educar vem, etimologicamente, de ex-ducere, conduzir para fora o potencial criador inerente a todo ser humano. As nossas raízes estão fincadas na tradição, transmitida pelos mais velhos, e no desejo de inovação. Tal desejo pode ser incentivado, através da promoção de valores humanos: fraternidade, justiça, coragem, autodomínio. Tarefa da família e da escola. Juntos educarmos para a vivência do bem comum.


Nota do Editor: Glória Fátima Nascimento é diretora de Colégio Teresiano – Colégio de Aplicação da PUC-Rio.

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