Estima-se que cerca de 80% da população mundial sexualmente ativa, aproximadamente 600 milhões de pessoas, estejam infectadas pelo HPV – Papilomavírus Humano. Por causa da alta prevalência, a infecção pelo HPV é uma questão de saúde pública. Existem mais de 200 tipos diferentes de HPV, que afetam pele e mucosas, especialmente dos órgãos genitais. Os mais frequentes são 6, 11, 16, 18, tendo estes dois últimos um alto potencial oncogênico. A transmissão ocorre, predominantemente, por via sexual. No entanto, também existe a possibilidade de contágio vertical (mãe/feto) e autoinoculação. Diversas doenças têm as causas relacionadas ao HPV, entre elas o câncer de colo de útero – motivo de 18 mil novos casos de câncer e cinco mil mortes, por ano, no Brasil. Além do potencial oncogênico, outro fator relevante em relação ao HPV é a dificuldade que existe para quantificar seu tempo de evolução. Muitas infecções são transitórias e pode acontecer a eliminação espontânea do vírus, principalmente em mulheres jovens, em um período geralmente entre seis meses e dois anos. O vírus, caso escape à resposta imune do hospedeiro, pode permanecer latente por meses e até anos após o contágio, até desenvolver algum tipo de lesão. Não existe um tratamento específico para eliminar o vírus. A condição de cada paciente particulariza a conduta, porém existem diretrizes para tal, considerando o tipo de doença propriamente dito além do tamanho, número e localização das lesões. É importante registrar que as vacinas aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) garantem proteção, mas não têm finalidade terapêutica. Segundo os estudos realizados, as duas vacinas possuem indicação para meninas não expostas ao HPV, isto é, que não iniciaram a vida sexual. Não se sabe ao certo por quanto tempo as mulheres estão protegidas depois de vacinadas. É provável que a validade da imunização dure por um período entre 10 e 20 anos. Além disso, novas pesquisas demonstraram que as vacinas também são seguras para mulheres com mais de 26 anos. Porém, o uso nesse caso e em outros ainda precisam ser mais estudados. A promoção à saúde e a prevenção de doença são medidas importantes. A realização periódica do exame preventivo, o Papanicolaou, deve ser encorajada. Além disso, a orientação para o uso de preservativos, tanto masculino quanto feminino, pode evitar o contágio do HPV, assim como a ocorrência de outras doenças sexualmente transmissíveis. Assim, a prevenção é ainda uma excelente opção. Nota do Editor: Dra. Tania Regina Victorino é coordenadora da Ginecologia do Ambulatório Médico de Especialidades (AME) Jardim dos Prados, unidade da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo administrada pela Associação Congregação de Santa Catarina – ACSC (www.acsc.org.br).
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