17/08/2025  04h50
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Opinião
03/06/2014 - 07h04
Black blocs, PCC e Estado omisso...
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

A suposta união dos black blocs com o PCC, para causar o caos na Copa do Mundo, é uma preocupante afronta ao estado democrático. A fala austera do ministro da Justiça – de que o Estado está preparado para enfrentar os distúrbios e garantir a ordem – não é a garantia de que isso efetivamente ocorra. A simples existência e crescimento do PCC, Comando Vermelho e outras organizações ilegais ou criminosas é o indicativo da fraqueza ou falência do Estado. Tais grupos só se organizaram porque encontraram o vácuo estatal. Se os encarcerados tivessem recebido o tratamento ressociativo que a lei lhes faculta e o Estado mantido o efetivo controle do sistema prisional, não teria o caldo de cultura necessário para a constituição do poder paralelo, hoje presente tanto nas prisões quando fora delas. Da mesma forma, as periferias e os pontos críticos das cidades não seriam problemáticos se os governos tivessem prestado os serviços públicos de sua responsabilidade.

Negligente em sua prestação de serviços, o poder público faz a orfandade da população. Saúde, educação, trabalho, transporte, saneamento, moradia, segurança pública e outros itens só existem com boa qualidade na propaganda oficial e no desacreditado discurso dos políticos, especialmente quando no poder ou disputando as eleições. O divórcio do Estado em relação ao povo é flagrante e torna a vida cada dia mais perigosa. As ações legítimas e necessárias dos grupos que pressionam por melhorias acabam encampadas por radicais e oportunistas de todas as espécies e as bandeiras reivindicatórias restam descaracterizadas. As autoridades pouco ou nada fazem. Quando muito, com cinismo e falta de comprometimento com as causas, mandam a polícia para conter o tumulto. Se não fossem omissas, agiriam antes de se chegar a esse extremo.

Quando a situação já é de distúrbio e a polícia é obrigada a agir, seus integrantes representam o Estado e, invariavelmente, são provocados e acusados de cometer excessos. Paradoxalmente, o policial – que também é uma vítima do descaso estatal e profissionalmente mal remunerado – se vê colocado como adversário dos manifestantes e injustamente perseguido, podendo ser processado, condenado e perder o emprego.

O ministro da Justiça e os governos estaduais prometem ação enérgica e controle da situação durante a Copa. Espera-se que não estejam pensando simplesmente em mandar a tropa de choque das Forças Armadas enfrentar os manifestantes, com a possibilidade de criar novos problemas e até a reação popular, pois são forças preparadas e armadas para a guerra e não para distúrbios urbanos. E que não se esqueçam que, depois da Copa, o Brasil continuará existindo, e os problemas também...


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "OPINIÃO"Índice das publicações sobre "OPINIÃO"
31/12/2022 - 07h25 Pacificação nacional, o objetivo maior
30/12/2022 - 05h39 A destruição das nações
29/12/2022 - 06h35 A salvação pela mão grande do Estado?
28/12/2022 - 06h41 A guinada na privatização do Porto de Santos
27/12/2022 - 07h38 Tecnologia e o sequestro do livre arbítrio humano
26/12/2022 - 07h46 Tudo passa, mas a Nação continua, sempre...
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.