17/08/2025  04h52
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Opinião
05/06/2014 - 07h00
Os sovietes tupiniquins
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

Mais uma vez nos deparamos com a ambiguidade do rótulo democrático. O decreto 8.243, de 23 de maio, que cria a Política Nacional e o Sistema de Participação Social, autoriza o governo a criar conselhos consultivos para discutir suas ações. Na fala governamental, é uma medida democratizante e garante a participação do povo nas decisões. Para a oposição, é uma forma de enfraquecer o Congresso Nacional, verdadeiro representante do povo em nosso regime político.

Seria democratizante se não fosse o próprio governo o encarregado de nomear ou influir na nomeação dos integrantes dos ditos conselhos. Mas, pela própria natureza da coisa, trata-se apenas da reedição dos “conselhos operários” ou “sovietes”, que serviram às diferentes revoluções do século passado. Poderão ser usados pela ala mais à esquerda do governo para obstar as ações do Congresso. É por isso que as oposições lutam para aprovar um projeto que revogue o tal decreto. Essa luta meramente ideológica deverá consumir o tempo em que tanto o governo quanto os congressistas poderiam estar cuidando de assuntos mais produtivos.

É inegável o matiz político-ideológico do governo petista. Embora não abra mão das mordomias do capitalismo, se pudesse, implantaria a ditadura do proletariado, pregada com ardor pelos seus líderes antes da chegada ao poder. Mas o ambiente para iniciativas como a criação dos “conselhos” já vem de antes. Desde a redemocratização, os eleitos para o governo adotaram por princípio a prática de cooptar os perdedores – oferecendo-lhes cargos no governo e outras benesses em troca do voto de seus partidos – levando a classe política a perder o principal de sua serventia. Pela prática cristalizada, quem se elege para o executivo adquire o apoio dos que perderam a eleição e não sobra ninguém para fiscalizar a atividade do governo, uma tarefa natural dos derrotados. A imagem dos congressistas como legítimos representantes do povo é cada dia mais distante, a ponto de ensejar que, agora, o próprio governo, embora não confesse, tente substituí-los pelos sovietes tupiniquins.

Não precisamos de conselhos operários ou sociais. A grande necessidade é o fim do loteamento do governo, razão principal da existência da corrupção em nosso país, da venda de votos parlamentares e de horários eleitorais. Partido que ganha a eleição tem acima do direito, o dever de governar. E os que perdem, a obrigação de fiscalizar. Não devem barganhar...


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "OPINIÃO"Índice das publicações sobre "OPINIÃO"
31/12/2022 - 07h25 Pacificação nacional, o objetivo maior
30/12/2022 - 05h39 A destruição das nações
29/12/2022 - 06h35 A salvação pela mão grande do Estado?
28/12/2022 - 06h41 A guinada na privatização do Porto de Santos
27/12/2022 - 07h38 Tecnologia e o sequestro do livre arbítrio humano
26/12/2022 - 07h46 Tudo passa, mas a Nação continua, sempre...
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.