#naovaitercopa ou #vaitercopa
Minhas primeiras lembranças da Copa do Mundo vêm da Argentina em 1978, tinha então 8 anos de idade, lembro de sair da escola, ir para casa e assistir os jogos do Brasil com a minha família, ainda lembro vagamente da final entre Argentina e Holanda, mas são vestígios quase perdidos. O futebol, em especial a Copa do Mundo, são elementos importantes na composição da nossa identidade, no reconhecimento de quem somos, na atribuição de um sentido de nação que vence, se moderniza, compete e ganha dos colonizadores europeus. Os brasileiros voltam para o velho continente como novos conquistadores e tornam-se Ronaldinhos, Romários, Rivaldos, Pelés, e todos nos realizamos por meio desses vencedores. Essa é a imagem do Brasil que dá certo. Nesse novo ciclo de copa temos uma novidade: as manifestações de rua. Há uma parte da sociedade, composto na maioria, mas não exclusivamente, por jovens, que utilizam o evento para questionar o país e seus valores. O reconhecimento na Europa parece não ser mais suficiente, temos uma crise na velha identidade moderna, mas o futebol continua no centro: #naovaitercopa ou #vaitercopa? Em busca de um novo lugar no mundo, brasileiras e brasileiros vão a campo, contra ou a favor da seleção, mas raramente neutros. O futebol continua no centro da nossa identidade e com um papel fundamental na construção de uma sociedade que busca romper com os valores enraizados que levam à discriminação, preconceito e desigualdade. O esporte, e o futebol em especial, devem passar essa mensagem e continuar a ser um dos setores da vida cotidiana enraizadores de nossa identidade. Nota do Editor: Fabiano Fonseca da Silva é professor de Psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM). Graduado em Psicologia pela Universidade de São Paulo, mestre e doutor em Psicologia Social e do Trabalho pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo.
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