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Opinião
09/06/2014 - 07h00
O óbvio
Amadeu Garrido de Paula
 

Em muitas hipóteses, desgastamo–nos em busca da verdade. E ela circunda nossa consciência imperfeita. Muitos exemplos nos dá a história no encontro de soluções óbvias. O ovo de Colombo, o nó górdio desfeito pela espada de Alexandre, são os mais conhecidos exemplos.

Os desígnios de Deus são inexcrutáveis. Assim reflete, hoje, boa parte da comunidade científica teísta (Francis S. Collins, Diretor do Projeto Genoma, “in” “A linguagem de Deus”). Num planeta rochoso de 4.5 bilhões de anos, a vida se desenvolveu em especiais 150 milhões. Os organismos unicelulares, os mais elementares da cadeia evolutiva, multiplicaram–se de modo notável, horizontal e não verticalmente. O elegante código da vida, expresso na sequência de genes que se transmitem às gerações e se adaptam aos ambientes, com suas enzimas envoltas sob a proteção do invólucro dos cromossomos, só por um milagre culminariam numa raça consciente que faz indagações e responde a seus próprios segredos. Matéria e antimatéria empatadas não gerariam vida. Porém, um elemento dos contendores desgarrou–se do equilíbrio entrópico. Fez um a zero, o começo de tudo. Se o Big Ben foi o começo do universo, ainda continua firme a pergunta: E antes dele? O mal do mundo é devido ao livre arbítrio do homem. Porém, sem ele, como seríamos? Um conjunto de robôs. Deus não pretendeu criar uma comunidade robótica. E haveria alguma graça em sermos robôs?

Já bem sondáveis são as ações do homem. Não podemos crer na conduta da espécie consciente e movida pelo livre arbítrio que povoa a terra como se fora resultado de um automatismo. A liberdade consciente e o movimento do homem determinado por sua livre vontade foi sempre nossa característica básica, com as exceções que todas as regras comportam, como os escravos e os opressos por regimes tirânicos.

Isto posto, é manifesto o equívoco dos que consideram as jornadas de junho de 2013 no Brasil algo misterioso, produto de uma nonada como um pequeno aumento no preço das passagens no transporte coletivo, uma irrupção social que não mais se repetirá. Vimos a deturpação desse inédito movimento pela violência – que afastou os manifestantes das ruas. Se não foi deliberada, com certeza é a causa do efeito verificado. A tomada do espaço público se fracionou, as ações ganharam cores corporativas, que se caracterizam desde as greves – algumas selvagens e tocadas por interesses escusos – até as passeatas de trabalhadores sem teto, policiais militares e inúmeros outros grupos que sacodem os pilares organizativos da sociedade democrática brasileira, às vésperas da Copa do Mundo.

Todavia, não há segredo. O fato é que um mal–estar generalizado permeia nossa comunidade e deriva de suas engrenagens estruturais, espanadas pela demagogia e incompetência do “jeito petista de governar”.

Em precioso editorial do jornal “O Estado de São Paulo” de 5/6/14, denominado “O mistério desfeito”, dados indiscutivelmente idôneos trazem à luz as motivações desse inconformismo latente. Trata–se de um levantamento feito por renomado instituto de pesquisas dos Estados Unidos, o Pew Research Center, que desde 2010 verifica as condições sociais e políticas de 82 países, incluído o Brasil, fundamentadas nos sentimentos populares. O resultado brasileiro impressionou negativamente os pesquisadores, dado o nível de frustração do povo, sem paralelo nos anos recentes. Conforme diz o jornal, a responsável pelo trabalho, Juliana Horowitz, observa que é como se tivéssemos passados por uma crise ou rutura institucional, como no Egito.

Vamos aos tristes números: os insatisfeitos com o estado da nação são 72% (3 em 4 brasileiros). Motivos: a situação ruim da economia (67%). A inflação e consequente carestia ocupa seu núcleo (85%). A criminalidade e o atendimento médico (83%). A falta de empregos (malgrado todas as divulgações oficiais), efetivamente promotores da realização pessoal e da felicidade humana (83%). Consequentemente: o desempenho da Presidente, face aos problemas econômicos, foi reprovado por 63% dos entrevistados. Ainda, foi ela criticada por 86% em relação à corrupção e por 2 entre 3 entrevistados em relação à preparação para a Copa do Mundo (61% consideram que o torneio tira dinheiro dos serviços públicos). O “governo nacional” é reprovado por 75%.

Ainda assim, a Presidente lidera na intenção de votos. Porém, considerando–se a campanha eleitoral, as uvas ainda estão deveras verdes. Aécio Neves é bem visto por 27% e Eduardo Campos por 24%. Certamente pelos mais conscientes e críticos, formadores de opinião cuja osmose poderá inverter por completo o quadro eleitoral. Quem viver nos próximos meses verá.


Nota do Editor: Amadeu Roberto Garrido de Paula é advogado especialista em Direito Constitucional, Civil, Tributário e Coletivo do Trabalho e fundador da Garrido de Paula Advocacia.

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