Quando tinha 7 anos fui levado ao Estádio pela primeira vez, primeiro contato com esta realidade tão apaixonante e que nos faz sentirmo-nos eternamente crianças. Não torcemos para o melhor, torcemos para o time que nos toca o coração. Um sentimento passado de pai para filho. O futebol é união, aproxima distantes, pessoas que teoricamente não teriam nada em comum, mas que por um acaso do destino amam o mesmo Clube. Não interessa a cor, classe social, religião, sexo, idade, nada... todos são iguais dentro de um Estádio. Não existe coisa mais democrática do que esta paixão. Antes mesmo do primeiro passo o menino já está brincando com uma bola de futebol. A menina demora mais pra ter esse contato, mas isso não interfere em nada na paixão pelo esporte. Hoje as mulheres são presenças confirmadas nos campos de futebol pelo Mundo afora, seja torcendo, seja jogando. Mais do que saúde física, o futebol nos ensina valores, mostra que quando atuamos unidos, a vitória está mais próxima; que quando temos disciplina, foco e persistência, não existe adversário que possa nos parar; que a amizade, a simplicidade e o companheirismo, são mais importantes do que a conta bancária. Eu amo o futebol, com ele aprendi que nem sempre se ganha, mas que a derrota não é eterna e que uma nova oportunidade estará ali na frente. O brasileiro é inegavelmente apaixonado pelo futebol que alegra tanto seus domingos à tarde, mas infelizmente, por culpa dos governantes, o brilho no olhar ao ver uma Copa do Mundo em nossa terra, 64 anos depois, está diminuído e isso me dói. Há um sentimento ambíguo de satisfação por estar tão perto do maior evento do esporte e de seus ídolos, mas ao mesmo tempo, há uma tristeza por saber que esse sonho foi deturpado, que houve desvio de verbas, superfaturamentos, obras inacabadas, dinheiro público investido em obras faraônicas, e tantas outras insatisfações que pairam sob a cabeça de cada cidadão ao pensar em Copa do Mundo. Há uma ideia de que gostar e aproveitar esse evento único significa concordar com o que foi feito. Eu discordo deste pensamento, o lugar de manifestar a profunda reprovação a este tipo de prática será nas urnas, nas eleições. Não é justo ver sua paixão com amargura, não faz bem para a alma e para o coração. O futebol não tem culpa, pelo contrário, quem dera que seus valores se estendessem a cada cidadão e que o espírito de equipe fosse maior do que qualquer vaidade individual. Por fim, só tenho um desejo, o de que as crianças ao assistir a Copa do Mundo possam sentir a mesma emoção que senti ao adentrar pela primeira vez num Estádio de futebol, sentimento único que nunca esquecerei. Não acabem com a ilusão das nossas crianças, e digo mais, ser criança não tem idade quando o assunto é o amor pelo futebol, que este espírito de confraternização e amizade seja maior que a tristeza pela incompetência de nossos governantes! Nota do Editor: Rafael Fraga é advogado.
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