Todos queremos parecer mais jovens. Na medicina atual ainda não existe nenhum método capaz de interromper o fluxo do tempo e reverter as alterações biológicas que já ocorreram. As cirurgias e outras formas de tratamento visam a corrigir alterações na pele e nos tecidos mais profundos da face, promovendo melhorias na textura e na aparência.

Dentre todas as partes do corpo, o rosto é a que mais apresenta sinais precoces de envelhecimento. Com o tempo, os músculos faciais vão perdendo o tônus e a pele, aos poucos, vai retendo menos água, o que promove o aparecimento das rugas. Além disso, as fibras colágenas e elásticas sofrem alterações e cedem à ação da gravidade. As causas podem ser tanto genéticas como por influência do meio externo. O sol, o vento, a poluição, o fumo e o estresse são fatores determinantes para o envelhecimento.

Com o passar dos anos, os tecidos vão sofrendo uma verdadeira queda (ptose) e a estrutura óssea vai sendo reabsorvida. "No nariz, além das rugas, podem ocorrer o aumento da projeção e a queda da ponta, envelhecendo o rosto", explica a médica Audrey Worthington, coordenadora do curso de pós-graduação em Medicina Estética da FAPES.

O "efeito sanfona", nome popular atribuído aos constantes aumentos e perdas de peso, também contribui para a aceleração do processo. Pessoas que utilizam muito a expressão facial, tendem a apressar o aparecimento das rugas da mímica - na testa, entre as sobrancelhas, o bigode chinês (sulcos nasogenianos) e os "pés de galinha", ao redor dos olhos.

Segundo a cirurgiã plástica, para prevenir ou tratar o envelhecimento facial, já existem técnicas avançadas de rejuvenescimento. "Logicamente o tratamento depende da vontade do paciente. O médico deve orientá-lo e saber se suas expectativas são plausíveis de serem realizados. A partir daí, estabelecer que tipo de tratamento é mais indicado para cada caso", pondera Audrey Worthington.

Existem procedimentos menos invasivos, como as aplicações de substâncias de preenchimento de marcas e dos sulcos da pele, a paralisação temporária e seletiva de grupos musculares utilizando toxina botulínica e os peelings com ácidos ou laser.

Com relação aos procedimentos cirúrgicos, doutora Audrey indica a lipoaspiração de regiões mais gordinhas da face, como a papada. "Também podemos retirar os excessos de pele e as bolsas de gordura das pálpebras ou realizar um lifting ou ritidoplastia", ensina.

O lifting, do inglês lift que significa levantar, é uma cirurgia na qual se descola toda a pele do rosto para reposicionar os músculos faciais e retirar os excessos cutâneos. O procedimento também pode ser realizado por vídeoendoscopia, com cortes menores, cuja recuperação é mais rápida.

Os lábios podem ter seu volume aumentado com gordura ou outros materiais. Em casos de reabsorção óssea, podem ser realizados enxertos ou implantes no local, como por exemplo, nas maçãs do rosto, no nariz e no queixo.

Segundo a Drª Audrey Worthington, outra técnica utilizada para elevar e corrigir pequenas áreas de flacidez facial é a sustentação com o chamado fio russo. "Os fios foram idealizados por um médico russo e por isso têm esse nome. São biocompatíveis e servem para tracionar e reposicionar os tecidos, dando um aspecto mais jovial ao paciente", revela. O material é colocado na camada de gordura, acima da musculatura, sob anestesia local.

Tratamentos indicados

Toxina Botulínica

Considerada uma verdadeira revolução no tratamento do envelhecimento facial, pode ser utilizada para minimizar rugas e obter um efeito lifting das sobrancelhas. Sua aplicação não exige internação ou anestesia, nem é necessário repouso após o tratamento. A toxina bloqueia a junção do nervo com o músculo, que pára de se contrair por um período de seis meses. O procedimento dura 10 minutos e não exige repouso.

Preenchimentos

Usados para tratar rugas ao redor da boca, nos sulcos da face e cicatrizes. As substâncias são injetadas sob a pele. Há substâncias temporárias, como o ácido hialurônico, e definitivas, como o metracrilato. A indicação de uma ou outra deve ser discutida com o médico. Os resultados são imediatos. Não requer repouso e a volta ao trabalho é imediata.

Fio Russo

Utilizado para tratar a flacidez e os sulcos da pele. As incisões são mínimas e feitas sob anestesia local. Pode ocorrer inchaço por dois a três dias mas não requer internação.

Peeling

Promove a descamação da pele com objetivo de acelerar seu processo de renovação. Melhora a textura, manchas e rugas. Dependendo do agente químico utilizado, o peeling pode ser superficial (ácido glicólico, ácido retinóico), médio (ácido tricloroacético) ou profundo (fenol). Quanto mais profundo o peeling, melhores os resultados. Requer afastamento do trabalho e proteção ao sol até o desaparecimento completo das crostas que se formam.

Laser

Atua como um peeling físico, já que a luz vai removendo as camadas da pele. O rosto fica com crostas por uma semana e a pele se refaz novinha em folha.

Os lasers não ablativos, como os Cooltouch e Quantum, agem aquecendo a derme e estimulando o colágeno para melhorar a flacidez. Não há retirada da camada mais superficial que é protegida por resfriamento.

ThermaCool

O aparelho de radiofreqüência age na profundidade da derme, gerando um calor que estimula a produção de colágeno e melhora a flacidez cutânea. É eficaz no tratamento da flacidez do pescoço e pode ser usado também nas áreas de flacidez da pele corporal (braços e abdômen). Como na depilação a laser, são feitos de 150 a 300 disparos. O aparelho emite um gás que resfria a camada superficial da pele, mas o calor gerado na derme provoca um certo incômodo. Em alguns casos, é indicada uma leve sedação. Pode haver um discreto inchaço, mas é possível trabalhar no dia seguinte. Os efeitos começam a aparecer a partir de dois meses e se prolongam até o sexto mês, podendo durar dois anos ou mais.

Fonte: Audrey Katherine Worthington é cirurgiã-plástica pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, pós-graduada em Medicina Estética pela Sociedade Brasileira de Medicina Estética. É também membro da Academia Brasileira de Medicina Antienvelhecimento, fellow do Serviço de Cirurgia Plástica da Free University de Amsterdã, na Holanda. Atualmente é diretora da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia e coordenadora do curso de pós-graduação em Medicina Estética da FAPES - Fundação de Apoio à Pesquisa e Estudo na Área de Saúde.