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04/04/2005 - 20h01
Escrito de Rita Lee
 
 

Que poder é esse que a família e os homens têm sobre o corpo das mulheres?

Ontem, para mutilar, amordaçar, silenciar.

Hoje, para manipular, moldar, escravizar aos estereótipos.

Todos vimos, na televisão, modelos torturados por seguidas cirurgias plásticas. Transformaram seus seios em alegorias para entrar na moda da peitaria robusta das norte americanas.

Entupiram as nádegas de silicone para se tornarem rebolativas e sensuais, garantindo bom sucesso nas passarelas do samba.

Substituíram os narizes, desviaram costas, mudaram o traçado do dorso para se adaptarem à moda do momento e ficarem irresistíveis diante dos homens.

E, com isso, Barbies de fancaria, provocaram em muitas outras mulheres (as baixinhas, as gordas, as de óculos) um sentimento de perda de auto-estima.

Isso exatamente no momento em que a maioria de estudantes universitários (56%) é composta de moças.

Em que mulheres se afirmam na magistratura, na pesquisa científica, na política, no jornalismo.

E, no momento em que as pioneiras do feminismo passam a defender a teoria de que é preciso feminilizar o mundo e torná-lo mais distante da barbárie mercantilista e mais próximo do humanismo.

Por mim, acho que só as mulheres podem desarmar a sociedade. Até porque elas são desarmadas pela própria natureza. Nascem sem pênis, sem o poder fálico da penetração e do estupro, tão bem representado por pistolas, revólveres, flechas, espadas e punhais.

Ninguém diz, de uma mulher, que ela é de espadas.

Ninguém lhe dá, na primeira infância, um fuzil de plástico, como fazem os meninos, para fortalecer sua virilidade e violência.

As mulheres detestam o sangue, até mesmo porque têm que derramá-lo na menstruação ou no parto.

Odeiam as guerras, os exércitos regulares ou as gangues urbanas, porque lhes tiram os filhos de sua convivência e os colocam na marginalidade, na insegurança e na violência.

É preciso voltar os olhos para a população feminina como a grande articuladora da paz.

E para começar, queremos pregar o respeito ao corpo da mulher. Respeito às suas pernas que têm varizes porque carregam latas d’água e trouxas de roupa.

Respeito aos seus seios que perderam a firmeza porque amamentaram seus filhos ao longo dos anos.

Respeito ao seu dorso que engrossou, porque elas carregam o país nas costas.

São as mulheres que irão impor um adeus às armas, quando forem ouvidas e valorizadas e puderem fazer prevalecer a ternura de suas mentes e a doçura de seus corações.

Nem toda feiticeira é corcunda.

Nem toda brasileira é só bunda.


Rita Lee - Compositora e Cantora


Nota do Editor: Texto enviado por Jussara C. Guimarães.

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