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SEÇÃO
Crônicas
24/06/2014 - 17h00
De volta à cidade
Henrique Fendrich
 

As ruas ainda são as mesmas, mas muitas tiveram a mão alterada desde que nos mudamos. Isso causa certa confusão, mesmo para nós que andamos a pé. Aqui costumava existir uma faixa de pedestres, mas agora só vamos encontrá-la bem lá na frente. Levamos pequenos sustos quando encontramos outras lojas no lugar daquelas que conhecíamos. E ficamos revoltados quando descobrimos que um antigo casarão foi demolido. Contam-nos então que já faz muito tempo. Mas como, se da última vez que estivemos aqui ele ainda estava em pé? Ou fomos nós que não prestamos atenção? Gostaríamos de ter sabido o dia exato em que isso aconteceu, na ilusão de que poderíamos ter feito algo para impedir. Meio tristes, continuamos caminhando.

Sem dúvida é um acontecimento extraordinário: o filho da terra, aquele que foi para a capital tentar a sorte, está de volta à cidade que o viu crescer. É de se imaginar que todas as pessoas na rua saibam disso e, se possível, parem para felicitá-lo. Mas não é tão grande assim a sua fama, e não se enxerga nele nenhum sinal visível que o diferencie daqueles que nunca tiraram os pés dali. Dói admitir, mas a cidade conseguiu sobreviver à sua ausência. Nas ruas, o que se enxerga são as decisões que ela tomou – sem se preocupar em ouvi-lo.

Resolvemos pegar um carro e visitar a nossa primeira casa. Tentamos nos lembrar durante o trajeto como era passar por ali todos os dias, mas as ruas estão muito mudadas, e mais ainda aqueles que as observam. Encontramos uma casa feia, sem pintura e com o portão enferrujado. Sabemos que, depois de nós, ninguém parou por muito tempo ali. O carro segue devagar, para que observemos bem. Tudo cresceu muito, já não existe nenhum terreno baldio. Vemos um vizinho na frente de casa e ficamos na dúvida se era o mesmo do nosso tempo. Ele nos olha desconfiado: somos um carro suspeito passando devagar pela sua rua. Fazemos meia-volta, lançamos mais um olhar para a casa que um dia foi nossa e, discretamente, aceleramos.

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