Aos trancos, sob protestos dos mais radicais ou inconformados, chegamos à Copa do Mundo, disputada no Brasil pela segunda vez. Enquanto torcemos pela seleção e sofremos quando suas chances dependem de prorrogação e pênaltis, os políticos empenham-se nas convenções que definem os candidatos das próximas eleições e, para a preocupação geral, a economia nacional entra na já anunciada crise. Quando terminar a Copa, mesmo que tenhamos sido campeões, restarão as obras inacabadas à espera de conclusão, e estaremos vivendo a campanha eleitoral cujos candidatos surgem de alianças tão heterogêneas, que hoje são classificadas como “bacanal eleitoral”. Mas, no dia seguinte às eleições – 6 ou 27 de outubro, no primeiro ou segundo turno – restará exclusivamente a crise para ser enfrentada. As vendas baixas do comércio, que obrigam as lojas a promoverem liquidação de inverno ainda na entrada da estação, os estoques altos de televisores, eletrodomésticos e outros manufaturados, que fazem a indústria antecipar férias, e os encalhes de outras mercadorias, precisam de atenção e providências imediatas. Mesmo torcendo pela Copa e preocupados com as eleições, os atuais detentores de mandato não podem se esquecer desses problemas e têm a obrigação de não só administrá-los mas, principalmente, resolvê-los. Nos cinco meses que ainda faltam para terminar o processo eleitoral, muita coisa pode, precisa e deve ser feita para conter a crise. Deixá-la seguir incontrolada será uma irresponsabilidade que poderá custar muito caro ao contribuinte, que somos todos nós, no futuro. O ideal seria não existir reeleição no Executivo – para os governantes poderem governar durante o mandato todo – mas, como existe, eles não devem se descuidar. Por outro lado, seria interessante que, tanto os candidatos à reeleição quando os demais, se debruçassem sobre a crise e, no âmbito de suas plataformas eleitorais, dissessem claramente como vão resolvê-la. Essa seria a tônica da campanha em qualquer país desenvolvido e com eleitorado consciente pois, passado os momentos efêmeros de alegria (ou tristeza) do futebol e de disputa pelas eleições, restará o país para os eleitos administrarem. Se eles realmente estiverem comprometidos e preparados para a solução da crise, o sofrimento da população será menor. Não podemos nos esquecer que os eleitos assumem seus postos para trabalhar em nome do povo. Nada mais justo que o próprio povo tenha a consciência e a responsabilidade de analisar, estudar com detalhes os planos dos candidatos e, aí então, eleger os que melhores propostas apresentem... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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