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SEÇÃO
Crônicas
01/07/2014 - 09h00
Cachorro vem correndo
Henrique Fendrich
 

Acontece com uma frequência admirável: estou eu caminhando pelas entrequadras de Brasília, às vezes voltando para casa, outras apenas passeando no fim de semana, quando avisto ao longe alguém dando uma volta com o seu cachorro. Não demora muito até que o cachorro também me aviste e, aproveitando que não há nenhuma coleira para lhe segurar, comece a correr desesperadamente na minha direção.

A primeira coisa que eu sinto é medo. Imagino que aquele cachorro não pode ter outro objetivo para correr daquela maneira que não o de me morder. Não confio que o fato de estar solto seja um sinal seguro da sua mansidão. Ele pode ter escapado, ou pode ter farejado em mim uma ameaça tão terrível que o levaria a agir como nunca antes. Não tenho tempo de observar se a raça dele é especialmente violenta. Apenas aguardo a sua chegada para saber se vai me morder.

Curiosamente, nunca me ocorreu fugir. Talvez eu intua que isso só o atiçará ainda mais, ou simplesmente não confie no meu preparo físico. Mas também é verdade que eu nunca continuo caminhando depois que vejo o animal se aproximando: fico paralisado à sua espera. Quero estar de frente no momento do ataque. Provavelmente eu acredito ser capaz de perceber o momento exato em que ele tentará me morder e então saberei como me defender. Darei chutes, desviarei a boca dele com a minha perna. Para tudo isso vou me preparando enquanto ele chega mais perto.

É claro que nada disso acontece. O cachorro me alcança e começa a saltar ao meu lado, até resolver pular também em cima de mim. Ainda não estou totalmente convencido de que não irá me atacar e pouco retribuo às suas brincadeiras. Na verdade, tento me desvencilhar. O dono vem correndo atrás, dando ordens para que ele não pule. Chega a apelar à razão do cachorro: “Ele não quer brincar com você!”. Por fim, toma o controle do animal e pede desculpas a mim pelo constrangimento causado. Respondo que não foi nada.

E só então é que o sangue volta a circular.

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