16/08/2025  12h35
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Opinião
04/07/2014 - 11h00
Futebol, poder e identidade: 1970 e 2014
Rosana Schwartz
 

O futebol é campo fértil de reflexões e aprofundamentos sobre relações de poder. Interfere nas estruturas sociais, na construção de identidades nacionais e é elemento fundamental do imaginário social brasileiro. Desvela íntima ligação entre política, esporte e projetos políticos.

A Copa de 1970 associou a vitória da Seleção Canarinha à ideia de Brasil Potência, de possibilidades. Significou simbolicamente a união nacional em direção ao desenvolvimento e por meio do ‘verdeamarelismo’ a imagens de brasileiro ativo, forte e competitivo.

Constituiu-se em oportunidade singular utilizada pelo regime militar (1964-1985), para se manter no poder e ampliar o projeto nacional-desenvolvimentista com construções de obras de grande envergadura, crescimento econômico e estabilidade das classes médias.

Acreditavam que esse projeto apagaria o imaginário de nação “cadinha”, dependente e atrasada e justificaram em nome dessa política, repressão àqueles que o regime classificou de entraves ao sistema – antinacionalistas, antibrasileiros, terroristas. Não obstante, além de compreender o futebol como instrumento político a serviço do controle de massas pelo poder, é necessário também perceber os múltiplos elementos que conferem a esse esporte caráter mágico local e global. As Copas possuem efeitos saneadores das diferenças sociais, mesmo que temporários, provocam confraternizações, solidariedades e disputas. Afloram identidades e trocas simbólicas culturais.

A Copa de 2014 é um espetáculo inserido na sociedade do espetáculo tecnológico. Pertence ao mundo conectado pela internet carente de transformações no fazer e praticar política, ou seja, do “novo” contra o “velho” arcaico. É um evento mundial no meio das inúmeras reivindicações pontuais dos coletivos sociais. Reaviva problemas da vida cotidiana, questões debatidas e levantadas durante as manifestações nas ruas, em junho e julho de 2013, como – o distanciamento dos partidos históricos de esquerdas dos movimentos sociais, corrupção, gastos governamentais desnecessários, inclusive para a realização do evento, nepotismo e preconceito étnico, racial e de gênero.

A denominada “Copa das Copas” (pelos partidários do governo), desenterra e arranca dos seus protagonistas, múltiplas percepções e posicionamentos políticos. Realça a função e importância de cada setor da sociedade – governo, seleção, imprensa, políticos e torcedores. Todos significativos no conjunto das relações políticas e sociais. Traduz nas disputas nas arenas dos diferentes Estados, dilemas nacionais e internacionais. Equilibra individualismo e coletivismo na busca de interesses gerais.

Democraticamente o futebol nos dias atuais, possibilita muito mais do que seu uso para fins eleitorais, abre espaço para múltiplas opiniões e entendimentos divergentes e convergentes sobre política e esporte. Recria e resinifica o imaginário social sobre o Brasil e sua identidade aos olhos dos estrangeiros e dos próprios brasileiros.


Nota do Editor: Rosana Schwartz é professora de comunicação integrada. Doutora em História, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP (2007). Professora Pesquisadora da Universidade Presbiteriana Mackenzie, desde 1999. Graduação em Comunicação Social: habilitação em Jornalismo e Publicidade e Propaganda.

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "OPINIÃO"Índice das publicações sobre "OPINIÃO"
31/12/2022 - 07h25 Pacificação nacional, o objetivo maior
30/12/2022 - 05h39 A destruição das nações
29/12/2022 - 06h35 A salvação pela mão grande do Estado?
28/12/2022 - 06h41 A guinada na privatização do Porto de Santos
27/12/2022 - 07h38 Tecnologia e o sequestro do livre arbítrio humano
26/12/2022 - 07h46 Tudo passa, mas a Nação continua, sempre...
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.