Há um problema de saúde a bordo para cada 1,3 milhão de passageiros, ou seja, é algo que vem acontecendo com frequência. O cardiologista Hélio Castello explica porque acontece
Viajar de avião é cada vez mais comum em todo o mundo. Segundo dados da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), a barreira dos três milhões de passageiros foi superada em 2013. Um trabalho da British Airways demonstra que existe uma taxa de um problema grave de saúde a bordo para cada 1,3 milhão de passageiros, o que corresponde a um total de aproximadamente três mil ocorrências graves de saúde a bordo e, desse total, 60% são ataques cardíacos. No final do mês de abril, por exemplo, uma brasileira de 34 anos morreu enquanto viajava de São Paulo a Dallas, nos Estados Unidos. A suspeita é que ela tenha sofrido uma parada cardíaca. Casos como esse, infelizmente, são mais comuns do que se possa imaginar. Muitas reações ocorrem durante a viagem de avião para que o organismo de adapte ao ambiente dentro da cabine. As mudanças não causam problema para quem está com a saúde em dia, mas podem gerar graves consequências aos passageiros enfermos. Segundo Hélio Castello, cardiologista e diretor da Angiocardio, o caso específico da mulher que morreu na viagem para Dallas precisa de mais dados clínicos. “Esse caso precisa ser melhor esclarecido, já que ela era jovem, apenas 34 anos. Os riscos de uma viagem de avião hoje são bem menores, principalmente em aviões de grande porte, onde as cabines mantém pressões semelhantes ao ambiente em que vivemos”, explica. Os riscos, afirma o médico, são maiores em pacientes portadores de patologias pulmonares graves, insuficiência cardíaca mais avançada, cardiopatias congênitas graves, angina pectoris (dor no peito secundário a obstrução de uma artéria coronária) descompensada, gravidez no último mês ou de alto risco, pós-operatório recente de cirurgias intestinais, cardíacas e cerebrais (dentro das duas primeiras semanas), entre outros. Além disso, uma das causas relativamente frequentes de morte súbita ou quadro agudo de descompensação cardiopulmonar pode ocorrer em viagens longas, quando as pessoas ficam imóveis, sentadas, por várias horas. “Isso pode formar coágulos em veias das pernas (trombose) que, ao se desprenderem destas veias, ganharem a circulação e ao chegarem ao pulmão causarem um quadro agudo de tromboembolismo pulmonar (TEP) que, muitas vezes, cursa com morte súbita. Isso pode ocorrer com qualquer pessoa, porém é mais comum em idosos, obesos, portadores de alterações de coagulação, portadores de doenças oncológicas, pessoas com alterações circulatórias, varizes nas pernas, portadores de cardiopatias, desidratadas”, diz Dr. Hélio Castello. Para quem tem algum problema de saúde, o cardiologista dá alguns conselhos que poderão ajudar durante a viagem. “Caminhe algumas vezes dentro do avião, movimente as pernas, faça massagem na panturrilha, contraia e relaxe os músculos das pernas e, nos casos de maior risco, passe por uma avaliação médica antes do voo para que possa receber uma orientação mais específica e focada no problema e risco individual”, conclui.
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