Terminada a Copa do Mundo em nosso país, é hora de retomar a rotina. Não sem antes fazer uma reflexão sobre tudo que aconteceu aqui nestes 30 dias de domínio do futebol sobre as nossas emoções. Começo pelo pior, pelo vexame inacreditável, pela escandalosa supremacia alemã sobre a Seleção canarinho. Fomos surpreendidos pela competência, técnica e disciplina germânicas no gramado. Sete vezes os alemães calcinaram no nosso orgulho a marca da eficiência e acabaram com o nosso mito. Como tudo em nosso país é futebol, a goleada alemã ultrapassou o Mineirão e marcou cada um dos 200 milhões de brasileiros. Sete anos, talvez, para superar a vergonha de um retumbante fracasso em campo. Dizem que futebol e política não se misturam, mas andam de mãos dadas. No meio de tantos comentários, análises e considerações, alguém afirmou que o futebol brasileiro ainda vive sob inspiração dos tempos obscuros da repressão. Talvez não seja para tanto, mas que está atrasado, desfocado e sem rumo, nisso concordamos todos. Na superação da tristeza, certamente o exemplo dos nossos adversários campeões do Mundo deve servir para a necessária e urgente atualização da, agora, desmoralizada Seleção. Mas a grande Copa das Copas foi jogada fora dos gramados. Ganhando ou perdendo, sofrendo ou exultando, craque mesmo é o povo brasileiro que mostrou ao mundo, com simplicidade, como flui a essência de uma nação. O mau humor dos pessimistas perdeu de goleada e a alegria nacional levantou todas as arquibancadas. Tudo funcionou, a Copa aconteceu, mostramos que somos capazes. Provamos para nós mesmos que somos craques, faltava a aprovação do mundo. A vida agora continua em dimensão menor, cada um no seu jogo, todos cheios de orgulho. Nota do Editor: Afonso Motta é advogado e produtor rural.
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