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Opinião
07/04/2005 - 09h18
Atualidades brasileiras
Ipojuca Pontes - MSM
 
“O Brasil é um grande corpo, inconsciente, caminhando às cegas, capaz de destruir-se a si mesmo”. - Lourenço Filho, escritor nordestino

O embaixador Gilberto Amado, no auge de uma crise patriótica, escreveu que o Brasil, vivendo em permanente regime de inconseqüência, não passava de uma soma de esforços arquejantes nunca conjugados, o que o impedia de conhecer as vantagens de uma marcha continuada e, por extensão, imprimir o lento, mas seguro ascender do passo firme. Para o diplomata, considerado nos primeiros cinqüenta anos do século passado “a cabeça mais inteligente do país”, o Brasil tinha tudo para não dar certo, pois vivia sempre num eterno recomeçar.

Falar em diplomata, a política externa brasileira do governo Lula, levada a efeito pelo Itamaraty, atravessa agora o seu inferno zodiacal em meio a uma constelação de desencontros. Por conta do envio de tropas ao Haiti - que tem por objetivo, de fato, não ajudar a população local mas, sim, demonstrar que o “nosso” País é operante candidato a uma cadeira no Conselho de Segurança da desmoralizada ONU -, um mundo de críticas muito pertinentes, daqui e alhures, começa a desabar sobre o costado da nação.

Por sua vez, no plano das negociações para o estabelecimento do livre comércio mundial, de que o governo tanto (e incompreensivelmente) se orgulha, o desastre é completo. O Mercosul desanda com a imposição de crescentes taxações e medidas protecionistas e, no que diz respeito ao comércio com a União Européia, a coisa reduziu-se a política de pretensão, água e vento. Hoje, os asiáticos, com destaque para Taiwan, tomam o lugar do Brasil como os maiores parceiros da UE, conforme os registros dos vertiginosos volumes de exportações e importações que cresceram em torno de 20% (contra 9% do Mercosul), incluindo a Coréia do Sul e a China.

Por outro lado, os Estados Unidos, México e Canadá intensificam o livre comércio na América do Norte, com a crescente quebra de tarifas e redução de alíquotas impositivas que dificultavam o trânsito continental de mercadorias. O Presidente Fox, do México, afirma que nunca houve momento tão promissor na história recente do seu país.

Aqui, no entanto, o Itamaraty marxista-leninesco de Celso Amorim (ex-assistente de direção de cineastas do cinema-novo, recentemente distinguido como “personalidade do ano” pelo jornal “O Globo”) não se rende: está investindo, a todo vapor, no novo circuito Elizabeth Arden da diplomacia totalitária composto pelo Brasil (de Lula), Cuba (de Fidel) e a Venezuela (de Chávez). Como diria o saudoso Gilberto Amado, tem tudo para não dar certo.

A propósito de Chávez, em que pese o barril de petróleo ultrapassar atualmente a casa dos US$ 53, a situação da Venezuela vai de mal a pior: a inflação transita acima de 20%, a dívida externa que era de US$ 2 bilhões pulou nos três últimos anos para US$ 25 bi, a taxa de desemprego cresce a cada dia, os homicídios aumentaram de 4.500, em 1998, para 14.100, em 2003.

A resposta do governo venezuelano para tal descalabro é ampliar a corrida armamentista, intensificando a compra de 100 mil fuzis AK-47, helicópteros de campanha e aviões de combate caças Mig-29, a partir de acordo anunciado em 2004 por Hugo Chávez em Moscou. O Coronel bolivariano (protótipo de “porteiro de boate gay”, segundo dizem), principal agente da “força negativa” do circuito Elizabeth Arden totalitário, quem sabe com a parceria das milionárias FARC, ainda pensa nos termos preconizados por “Che” Guevara, o Carniceiro Romântico que pretendia criar, para liquidar os EUA, “um, dois, três mil Vietnãs” (não na Ásia, é claro, que se abre ao capitalismo selvagem, mas aqui mesmo, nas selvas amazônicas).

Por fim, para não limitar minhas observações telúricas no estreito âmbito do circuito totalitário, volto-me para assunto interno deveras (sempre tive imensa vontade de escrever esta palavra repugnante, “deveras”) preocupante: a transposição das águas do São Francisco. Em insistentes (e dispendiosos) anúncios televisivos, o governo Lula, para seduzir as massas ignaras, vem anunciando o milagre da transposição como a redenção final da região nordestina.

Há cerca de cinco anos, o Banco Mundial (um órgão da esquerdista ONU), depois de examinar pedido do governo brasileiro para que financiasse a obra faraônica, simplesmente recusou o empréstimo, sob a alegação algo diplomática de que a “transposição das águas” era uma obra desnecessária e inviável (e olha que o banco não foi leviano: antes de dar um “não” como resposta, mandou para a região técnicos e especialistas a fim de examinar a viabilidade do empreendimento). O plano foi arquivado e, agora, em temporada pré-eleitoral, é sacado dos desvãos do planejamento governamental como obra redentora e inadiável. O seu custo, pelo que se divulga, seria, de início, na ordem de um bilhão e meio de dólares (ou seria de reais?), coisa de “inebriar” qualquer político esperto (ou empreiteiros sequiosos de bons negócios).

Ia terminar minhas anotações sobre as atualidades brasileiras falando de Waldomiro Diniz, cada vez mais lépido e fagueiro na vida mansa, segura e generosa de Brasília, considerada por todos como a “Ilha da Fantasia”. Pelo que me disseram, Waldomiro, que anda pelas ruas concedendo autógrafos, atravessa forma excepcional, sempre elegante e atencioso, sólido e firme que nem o Pão de Açúcar – mas, infelizmente, acabou o espaço. Fica para depois.


Nota do Editor: Ipojuca Pontes é cineasta, jornalista, escritor e ex-Secretário Nacional da Cultura.

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