A crise continua, não dá para negar. Vejam que pesquisa recente do Tribunal Superior Eleitoral e do IBGE mostra que apenas 25% dos brasileiros com 16 e 17 anos se cadastraram para a votação do dia 5 de outubro. Essa tendência vem se repetindo desde 2006, ou seja, os jovens têm a oportunidade de votar desde os 16 anos mas muito poucos estão fazendo uso desse direito. Ao lado deles se encontra outra parcela da população, 26%, conforme aponta pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Ibope, que não está interessada nas eleições que este ano escolherá presidente, governador, deputados estaduais e federais. Esta indiferença e distanciamento da política é resultado das práticas cotidianas que confirmam a corrupção e a incoerência dos nossos representantes nas instâncias legislativas e executivas. Assim, nada mais coerente que o afastamento dos jovens e a procura de outros espaços de participação, como aconteceu em junho do ano passado, quando tomaram as ruas e mostraram ao país sua indignação com aqueles que não os representam. Mas, para mudar, é preciso participar. Portanto, num mundo paralelo, descolado das instâncias institucionais, à margem, pouco ou nada a juventude poderá alcançar. Reconheço na rebeldia juvenil o potencial para a mudança, como aconteceu em Maio de 68, na França, e mais recente os protestos nas praças do mundo árabe, que voltaram a atenção para a militância dos jovens através das redes sociais. Mas aqui, uma vez que os representantes eleitos não fizeram a reforma política ansiada pela população, é chegada a hora de os jovens, através da sua irreverência, mostrarem a sua força através do voto rebelde. Pode parecer inútil, sem sentido, perda de tempo, mas em breve os candidatos estarão se apresentando à população, mostrando suas propostas. É neste momento que a indignação da juventude pode mudar o resultado eleitoral, através da escolha consciente, pesquisada, comparadas as atuações dos que buscam a reeleição ou encontrando novos realmente capacitados para o exercício dos mandatos eletivos. O voto consciente dos jovens pode derrubar as alianças bizarras, a falta de ética e as mudanças conforme as conveniências eleitorais. Nota do Editor: Afonso Motta é advogado e produtor rural.
|