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Crônicas
26/07/2014 - 15h06
Um encontro com a Chapada da Jurubeba
Mayron Régis
 

À noite choveu e a cidade de Barreirinhas adormeceu enquanto esperava por alguém. Chegar a Jurubeba, povoado de Barreirinhas, requer sacrifícios. Os caminhos não empolgam. Os caminhos se desgastam e desgastam as pessoas. O povoado se situa as margens do rio Preguiças e defronta-se com o município de Santa Quiteria. Os povoados vizinhos a Jurubeba (Passagem do Gado e Mamede) venderam a totalidade de ou parte de seus territórios para plantadores de soja ou plantadores de eucalipto.

A Passagem do Gado vendeu quase dois mil hectares para o senhor Leandro plantar eucalipto. Os associados da Passagem do Gado fingem indiferença quanto ao fato de não haver mais áreas para que coletem bacuris, para que rocem e para que cacem. As águas correm frouxamente onde antes corriam convictas. O Mamede vendeu uma parte de seu território para o senhor Clovis que plantou soja. Depois de cinco anos, uma das associações do Mamede negociou parte da Chapada com o senhor Leandro que arrebatara Passagem do Gado. A titulação de terras públicas por parte do Iterma encontrou associações sem nenhum pendor para a resistência as investidas do agronegócio. Contudo, moradores de Mamede desmancharam o negócio ao denunciarem o caso a promotoria de Barreirinhas.

Ele atravessou a ponte em sua bicicleta. Perguntaram seu nome. Assim ele respondeu: Anailton, morador da Jurubeba. Eles conversaram devagar. Anailton se inquietou. Sondaram-no sobre a safra de bacuri: o quanto vendera. A sua família vendeu 100 quilos de polpa de bacuri a R$ 15,00 o quilo. Com essa renda, ele e sua família compraram uma geladeira.

Os forasteiros voltavam da Chapada e pararam para mergulharem no rio Preguiças. O Cerrado os recebera em suas incompletudes. O motorista se intimidou e ficou na dele sem molhar nem os pés. Anailton devotava parte de si ao rio Preguiças. As perguntas o agastavam e ele as tolerava por conta do banho que aquelas águas serenas lhe prometiam.

O senhor Chico Patrocinio caminha uma hora de sua casa até sua roça na Chapada. Os moradores da Jurubeba, município de Barreirinhas, reencontram a Chapada todos os dias de suas vidas. Eles acreditaram em seu semblante de poucas palavras. Escutam-se os periquitos e sua algazarra por sobre os bacurizeiros. Época de florada. Não se desperdiça o tempo que pouco se tem.


Nota do Editor: Mayron Régis, colaborador do EcoDebate, é jornalista e assessor do Fórum Carajás e atua no Programa Territórios Livres do Baixo Parnaíba (Fórum Carajás, SMDH, CCN e FDBPM). Fonte: Portal EcoDebate (www.ecodebate.com.br)

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