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Crônicas
08/04/2005 - 07h51
Pela renúncia do(s) Severino(s)
Lula Miranda - Agência Carta Maior
 

O deputado Severino Cavalcanti (PP-PE) é (e sempre foi) uma daquelas "grandes" figuras da política brasileira, como os pretéritos "anões" do orçamento - de triste lembrança. O "caricatural" Severino, com sua mentalidade rastaqüera, sua falta de pudor e ética, continuaria operando nas sombras dos gabinetes de Brasília se não tivesse cometido a imprevidência de sair das sombras e assim se expor aos holofotes da mídia, à luz da ribalta e aos olhos da verdade. Movido que foi pelo seu ímpeto arrivista (ou seria um "legítimo" apetite pelo poder?), por um incrível senso de oportunidade e empurrado pela inconseqüência de certos deputados (inconseqüência? "esperteza"? falta de espírito público? - você escolhe, caro leitor), que desejavam, veja bem, mandar "um recado" ao governo. Mas nós, eleitores, captamos uma outra mensagem e tudo de obscuro que ela trazia em sua semântica obscena: a política da vileza. Certas criaturas, sejam do mundo do crime ou do universo das "maracutaias", prebendas e benesses da capital do poder, necessitam viver à sombra - e isso é da sua natureza, essencial à sua sobrevivência.

Severino era, até então, um eminente representante do chamado "baixo clero". Já havia, em outras oportunidades, colocado sua candidatura à presidência da Câmara na avenida, digo, na Esplanada, mas não para valer. Apenas como um ardil para suas barganhas, para conseguir uma "boquinha" aqui, outra ali, para pleitear um assento para si, ou para algum aliado, na mesa diretora da Câmara. Coisas da "polítitica" (sic) que, agora, como nunca o fora antes, é público e notório, rege o cotidiano do nosso Legislativo, do Executivo e do Judiciário. Há algo de podre na República.

Quem não se recorda de Odorico Paraguaçu, personagem da telenovela "O Bem Amado"? Texto paródico de Dias Gomes que era um retrato, de alta definição, de um certo Brasil atrasado, o Brasil de sórdidas negociatas e maracutaias, corrompido, grotesco, vil, risível. Sim, pois, às vezes, rimos de nossa própria miséria. A novela é de muitos anos atrás (de 1973), mas como ainda seguimos miseráveis! Severino é Odorico, triste representante de um Brasil que opera nas sombras, corrompido, daqueles que só querem dar-se bem, e que nos envergonha a todos. De um Brasil que deveria ter vergonha de olhar-se no espelho.

Mas, não nos enganemos, a culpa não é só dele, Odorico-Severino. Existem muitos destes personagens incrustados como parasitas no Legislativo e nos outros poderes da República. Congressistas que defendem interesses comezinhos, não muito nobres - os seus próprios e dos lobbies que os elegeram -, e não os interesses da nação, existem as pencas (que fique claro!). São eficientes operadores de uma política conhecida nos bastidores como "de resultados" ou ainda do chamado "varejão": um balcão que atende a pequenas demandas (dentaduras, remédios, cestas básicas, cartas de apresentação etc.), favorecimentos outros e, claro, cargos. O nepotismo e o empreguismo são moeda corrente.

E é através de expedientes assim que esses senhores vão perpetuando-se no poder, pois, de posse da máquina, têm mais favores a oferecer e assim recebem ainda mais os votos daqueles eleitores que são estrategicamente mantidos à margem dos ideais republicanos de cidadania e civilidade, escravizados que são em sua própria miséria e indigência, esquecidos nos rincões, num pedaço de Brasil que sobrevive à revelia do progresso ou do Estado, escondidos num Brasil remoto que não tem acesso a educação, saúde e a qualquer equipamento público. É aí que grassa a velha e conhecida política do cabresto dos coronéis. Aí é que vicejam os "bem amados", que desejam transformar o Brasil numa grande Sucupira.

Circulou por esses dias na Internet uma corrente solicitando que vestíssemos indumentárias pretas, num dado dia, em sinal de luta contra a política dos Odorico-Severinos. Uma iniciativa louvável, mas que revela, numa análise mais amiúde, sejamos honestos, uma certa preguiça da nossa classe média em mobilizar-se de fato, abrigando-se, de modo cômodo, numa mobilização virtuosa sim, porém virtual. Mais ou menos o que ocorre naquelas caminhadas pela paz, quando a vítima da violência é um filho dessa mesma classe média e alguns saem às ruas de branco. Pela paz.

Ah, que saudade sinto das grandes manifestações de civismo! Da passeata dos 100.000! Das manifestações pró-diretas ou das que levaram ao impeachment de Collor. Que saudade! Que tal sairmos do nosso confortável "mundinho" virtual "classe-média", do nosso casulo de caracol, e organizarmo-nos, como nos velhos tempos do fervor republicano e cidadão, através dos movimentos sociais, sindicatos e suas Centrais, da OAB, da CNBB, das ONGs? Onde foi parar o nosso tesão cívico?

Clamo aqui pela renúncia desse político, não só pelo seu execrável "perfil" ou pela sua ignorância e despreparo, tampouco por tão-somente não agir de acordo com a chamada "liturgia do cargo", ou pelo fato dele não estar à altura do cargo que ocupa (terceiro na hierarquia da República), mas pelo fato inquestionável de que ele, na sua incompetência e raposice, pode causar sérios e irremediáveis danos ao país - como, inclusive, já vem causando (os governadores dos Estados que o digam).

Vamos todos, devidamente organizados e, pelo menos uma vez, em prol do interesse coletivo, marchar rumo à Brasília e pedir a renúncia de Severino. Se chacoalhar o Severino cai! Ajude a propagar essa idéia. Sugira ao seu sindicato, sua Central Sindical, sua organização ou núcleo de bairro, discuta com seus amigos e colegas de trabalho. Vamos organizarmo-nos em caravanas! Assim a mensagem será eloqüente e cristalina aos demais Odorico-Severinos. Que eles voltem para as sombras e/ou que renunciem (no caso de Severino, à presidência da Câmara, e, junto com ele, toda a mesa Diretora) ou que tenham os seus mandatos cassados (sobram motivos para tanto), e que voltem para os seus currais - de onde nunca deveriam ter saído. E que os representantes das oligarquias "esclarecidas" do sudeste também abram os olhos, pois poderão ser os próximos na nossa alça de mira. Assim, certamente, estaremos dando um recado de que acreditamos, sim, na democracia representativa, mas que os ratos têm que ficar de fora do barco, digo, do Congresso. E da República.

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