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Opinião
30/07/2014 - 07h00
Lições da Copa
Gilberto Heinzelmann
 

Acredito que tenhamos muito o que aprender com os acertos e erros desta Copa. Especialistas esportivos pontuaram que o sucesso da Alemanha na Copa de 2014 veio do fracasso que tiveram na Eurocopa em 2000.

Isso resultou em um plano detalhado para voltarem a ter um futebol competitivo e a prioridade principal foi a de criar uma base de jovens para que, em 10 anos, pudessem colher os frutos.

A meta era extrair, em cada cidade, jovens talentos e formá-los, mesmo que levasse anos para dar resultados. Todos os clubes foram obrigados a montar escolinhas de futebol como exigência para que pudessem participar do campeonato nacional. O resultado: 366 centros e treinamento de menores, empregando mil treinadores e dando espaço para 25 mil alemães tentarem a sorte no futebol.

O Bayern de Munique, que tive a oportunidade de visitar pessoalmente, é um exemplo sob vários aspectos. Sua estrutura compreende auditórios, centro de exposição, salas de eventos e treinamentos para os mais diversos públicos. Para o futebol tornou-se um laboratório de técnica e inovação. Cinco campos de treinamento recebem 185 jovens semanalmente. Destes, 90% são do próprio estado da Baviera, cuja capital é Munique.

A principal lição de tudo isso é de que todo processo de mudança começa com a convicção da necessidade de mudar e do reconhecimento dos erros e deficiências. A partir disso, basta ter foco, planejamento, disciplina e persistência.

A armadilha é focar nas conquistas e nas receitas do passado. Fomos os únicos a ter conquistado a Copa do Mundo cinco vezes. Não conseguimos isso principalmente graças a talentos individuais? Naquela época, tínhamos jinga, jeitinho, emoção e espontaneidade. Não acho que tenhamos mudado, mas me arrisco a dizer que o futebol, assim como todos os outros esportes, evoluiu. A perfeita integração do time passou a ter uma importância e um impacto maior do que apenas a soma de alguns talentos individuais que podem ser neutralizados em campo. Mas o maior problema é de não reconhecermos a necessidade de mudarmos e não admitirmos nossos erros, mesmo frente a resultados inaceitáveis.

Quando um profissional é avaliado por seus colegas no ambiente de trabalho é sempre surpreendente ver como esta avaliação está alinhada com a percepção que a família e os amigos têm deste indivíduo. Uma empresa é sempre percebida como um forte reflexo da característica de seus principais dirigentes. Por esta razão, acredito que alguns comportamentos que observamos em campo dizem mais do Brasil do que gostaríamos de admitir.

Quando ganhamos a última Copa houve exageros do tipo: “O Brasil é a pátria de chuteiras”. Agora, após esta monumental derrota, muitos se apressam em racionalizar que os onze jogadores em campo e o técnico Felipão em nada representam nossa nação com mais de 200 milhões de habitantes. Será mesmo? A malícia faz parte do futebol, mas quem vocês acham que ganhou disparado a taça de fingimentos e dissimulação? Quando o time mais precisou de um líder que o direcionasse e o acalmasse, viu o capitão do time sentado na bola chorando. Houve também uma deselegância e um destempero de nosso experiente e maduro técnico, que ao final da partida contra a Holanda, entrou em campo xingando a arbitragem e projetando a culpa por mais uma humilhante derrota.

Aspectos culturais como estes permeiam nossa sociedade e nossos dirigentes esportivos e governamentais, que na condição de nossos representantes, deveriam se portar como líderes. Declarações de autoafirmação como: “não mudaria nada”, “faria tudo igual novamente” e “fomos mais longe do que nas últimas copas” só reforçam a teimosia e o erro e indicam que não existe esperança de mudanças sem mudar as pessoas ou seus modelos mentais.

A copa terminou e não foi da forma como gostaríamos. O que nos resta agora não é esquecer e esperar por um resultado melhor em 2018. É necessário agir. Na escolha de nossos líderes precisamos apostar mais em seu potencial, valores e comportamentos do que em suas emoções e conquistas passadas. Precisamos entender que um processo de gestão de mudanças começa com humildade e sabedoria para assumir os erros. A partir disso, exige competência para traçar metas e planos de ação e, principalmente, coragem, persistência e disciplina para gerenciar as mudanças no dia a dia. Este também é o perfil no qual devemos apostar nas urnas em outubro. Somente assim teremos chances reais de melhorarmos o Brasil.


Nota do Editor: Gilberto Heinzelmann é presidente da ZEN S/A, um fornecedor global de componentes automotivos e maior fabricante independente mundial de impulsores de partida.

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