A entrevista publicada, pela última revista VEJA, com o administrador de empresas e assessor internacional de empresários e governos, Stephen Covey, nos levaram a refletir sobre pontos que sempre manifestamos como essências para os ocupantes de cargos de chefia e ou liderança institucionais e que em certas circunstâncias provamos sua necessidade convidando palestrantes e apresentando fitas e textos. Stephen Covey fala da importância de despertar a confiança nos liderados e da necessidade do líder ser generoso e agir com grandeza com aqueles que participam das equipes de trabalho. Abaixo algumas de suas afirmativas. "Digo sempre que só é bom chefe quem sabe comemorar a vitória de um chefiado como se fosse sua. E, na verdade, é dele mesmo". "Fazendo palestra para uma platéia internacional de executivos perguntei a eles quantos haviam ascendido na carreira porque tiveram como chefe um sujeito generoso. Quase todos levantaram o braço". "É necessário inspirar os liderados valendo-se de uma conduta moral exemplar. A força de um chefe vem da admiração que ele desperta e não do medo que inspira. Uma gestão inspirada no medo leva a conseqüências fatais para a produtividade". "Defendo a tese de que o importante para um chefe não é esbanjar carisma nem exibir força... mas inspirar confiança e respeito". Salvo exceções não é essa a mentalidade predominante em nossa cultura. Nossas chefias consideram que todos devem estar a seu serviço e que o chefe deve ser reverenciado, honrado, obedecido e temido, mesmo quando é um fiasco, não conhece as funções de seu cargo e não desenvolve os serviços que lhe são atribuídos. "O resultado disso é desastroso porque os funcionários, inseguros, passam a relatar ao chefe apenas o que acham que ele quer ouvir", disse Stephen Covey. A falta de generosidade não é característica só dos chefes. Aparece como evidente traço nacional de nossa sociedade quando alguém se considera com autoridade. O problema é tão sério que quando, um ou outro, age de forma diferente sempre se procuram interesses particulares naquelas ações. A maioria de nossos patrícios pensa que todos os outros estamos a serviço de seu "EU", só ele tem direitos e o "OUTRO" só deveres. Imbuído dessa mentalidade ou traço cultural exige, dos poderes públicos, soluções para todos os problemas da vida, até para aqueles que não são públicos e que devem ser resolvidos por particulares, pessoas físicas ou jurídicas. Nesse espírito do "eu" sou "eu", só eu tenho direito, o "outro" só tem obrigações ou deveres não se pensa em agradecimento do chefe generoso. Para os possuidores desse traço cultural, o chefe, só cumpriu com o seu dever e não há porque agradecer. Isso quando não se avalia que nem cumpriu com o seu dever. Também não podemos querer exigir que filosofem com José Ortega e Gasset: "Yo soy yo y mi circunstancia" (Eu sou eu e minha circunstância), já que na circunstância entraria o "outro", o tempo, o espaço, o comportamento do grupo e, conseqüentemente pode ser alterada dependendo da grandeza, da generosidade e do espírito cívico de seus integrantes. Estou levando meu raciocínio por esses caminhos para dizer a todos que sempre que se trata de repasses voluntários de dinheiro público para Organizações não Governamentais - ONG - ou para outros níveis inferiores de governo, a generosidade do que repassa costuma estar na dependência de ter feito a lição de casa por parte de quem vai receber, de sua história, de sua organização e da importância que dá à parceria, aos atos cooperativos e às ações conjuntas. É óbvio que o nível superior de governo (seja Estado ou União) terá predisposição para ser mais generoso com quem recebe com 10.000 (dez mil) cidadãos portando faixas de agradecimento, por tudo o que tem feito, que aquele que o faz com apenas 200 (duzentos) sem nada na mão e com enormes listas de novos pedidos. Sejamos generosos e agradeçamos com grandeza sem nos importar com o que os outros recebem. O agradecimento é atitude de espíritos nobres. Geralmente quem agradece em nome da cidadania não está à procura de benesses. Sendo generosos e agindo com grandeza inspiraremos confiança. Nota do Editor: Corsino Aliste Mezquita, ex-secretário de Educação de Ubatuba. (Fonte: Ubatuba Víbora)
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