As pessoas nascem, crescem, entram na fase adulta das realizações, e prosseguindo, alcançam a idade mais avançada. Então surge o enigma de como enfrentar a chegada da terceira idade. Com a continuada alienação sobre o sentido da vida, a maturidade se transformou na velhice aborrecida. A saúde atrapalha. Não há motivação nem o prazer das distrações, pois falta a visão clara do que é a vida. Faltam objetivos. Já se disse que viver é lutar, mas na verdade viver é se movimentar construtivamente; é não ficar parado no marasmo, na estagnação, ou sem compreender o real significado da existência nem deixar-se envolver pelo sentimento de revolta diante da transitoriedade de tudo quanto seja material. Com o acúmulo de carma negativo, muitas vezes os seus efeitos se mostram na vida difícil e nas precárias condições de saúde, gerando temores para o futuro quanto aos necessários cuidados que a velhice impõe. No passado longínquo, havia mais sabedoria. As pessoas envelheciam naturalmente com saúde, serenidade e autonomia; a morte era considerada um acontecimento natural após uma longa vida de aprendizado e atividades construtivas e beneficiadoras. Mas atualmente o que poderia fazer o idoso? Refletir sobre a vida, tentar compreender o seu sentido e significado, observar o tecer do fio que conduz os indivíduos e a humanidade. Para onde se dirigem? Para onde deveriam se encaminhar? Na vida, as coisas não acontecem por acaso. Fácil é perceber que os indivíduos não aproveitam adequadamente a própria vida; não cumprem a sua tarefa como seres humanos, conduzindo o destino individual e coletivo por sendas obscuras e abismos de grande profundidade, em vez de buscar a continuada melhora das condições de vida no planeta e o seu embelezamento. Em três etapas surge a criatura humana: geração, encarnação, nascimento. Mas a questão é: para qual finalidade? Se a pessoa não conseguiu ou não quis refletir sobre isso na juventude e na vida adulta, por que não fazê-lo na maturidade, na idade avançada, quando deveria estar aberta para o chamado da eternidade que quer mostrar que, na vida material, tudo é transitório e mutável? No mundo todo, o ser humano precisa de preparo mais adequado para entender a vida. No Brasil, enquanto os professores são pouco valorizados, outros profissionais como jogadores de futebol, lutadores de box e artistas da TV e do cinema, seguem faturando bem, oferecendo, na maioria das vezes, péssimos exemplos de vida, de como desperdiçar o tempo sem o adequado aproveitamento. Tanto mais grave são muitos filmes que não divertem, mas deseducam, apesar de terem sido produzidos com verba pública. Os patrocinadores da Lei Rouanet deveriam olhar mais para a qualidade do que apoiam, selecionando projetos que possam auxiliar o engrandecimento da humanidade, não o seu embrutecimento e decadência. Nota do Editor: Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, e associado ao Rotary Club São Paulo. Realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br, e autor dos livros “ Conversando com o homem sábio”, “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”, “O segredo de Darwin”, e “2012...e depois?”. E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7
|