— Alô... Milton Carlos? — ... — Seu indecente, onde cê tava que eu liguei mais de 10 vezes e não atendeu! — ... — Não mente, Milton! Tá pensando que eu nasci ontem? — ... — Onde que eu tô? Eu tô no ônibus, né?! Cê esqueceu que eu fui passar o fim de semana com minha mãe, Milton? Mas, tô chegando. E cê vai ver quando eu pisar em casa, cachorro! — ... — Cachorro, sim! E descarado, e sem vergonha! Tá bom, ou quer mais? — ... — Cala a boca, Milton! Tá pensando que eu sou besta? Virei as costas, cê caiu na gandaia! — ... — Cê não me engana, camarada! Aposto que tava atrás daquele palito espetado em laranjinha capeta... — ... — Que palito? Deixa de ser disgramado, Milton! Aquela sua ex magricela que cê não tira da ideia! Cê me paga! — ... — Oi? O quê, Milton? Fala mais alto! — ... — Hospital? Seu irmão? Quê que aconteceu? — ... — Tiro? Quem deu? Como é que foi isso, Milton, pelo amor de Deus!? — ... — Jesus! Não me conta isso! — ... — Ah... Saiu correndo pra acudir, esqueceu o celular... — ... — E o Zuz, como é que ele tá? — ... — Senhor dos Passos! Não vai andar mais, é? Que horror, gente! — ... — Ah, que tragédia, meu Pai! — ... — Milton... Miltinho... — ... — Cê me perdoa, amor? — ... — É que eu liguei mais de 10 vezes, não atendeu. Já fui pondo trem na cabeça... Cê sabe como é que eu sou esquentada, né, bem? — ... — Tá bom, amor, eu tô chegando. Mortinha de saudade, viu? Beijo...
|