Contém ou não contém glúten. Essa informação vem agora estampada na embalagem de vários produtos vendidos nos supermercados. Isso porque uma lei do presidente Lula, a 10.674, que entrou em vigor em 16/05/2004, veio regulamentar tal procedimento, obrigando a indústria alimentícia ligado ao setor de cereais e derivados a tomar as medidas necessárias para o seu cumprimento. Tamanho cuidado é porque o glúten, uma substância presente nos cereais e derivados de cevada, centeio ou trigo, está relacionado à doença celíaca. Trata-se de uma doença autoimune (de origem genética) presente em cerca de 1% a 2% da população, na qual o organismo percebe algumas substâncias presentes no glúten como estranhos e começa a atacá-las como se fosse uma invasão de vírus e bactérias. De acordo com o médico gastroenterologista do Hospital e Maternidade São Camilo, Dr Ricardo Barbuti, isso causa uma reação alérgica no intestino delgado, chamada de enterite, que causa sintomas como diarréia crônica, com desabsorção e desnutrição. Se o problema acontecer na criança é ainda mais grave, pois a desnutrição pode causar problemas como o retardo do desenvolvimento, inclusive a baixa estatura. Não é à toa que a doença celíaca é a chamada "doença do jóquei". O não tratamento da doença celíaca, que basicamente consiste na retirada do glúten da alimentação, pode levar ao linfoma do intestino, um tipo de tumor de células brancas que, geralmente, tem tratamento por quimioterapia, não havendo necessidade de cirurgia. As pessoas que têm predisposição para doenças autoimunes, podem ter várias ao mesmo tempo. É comum o aparecimento da celíaca com diabetes melitus, colite microscópica, colite colagênica, doença de chron, doenças reumatológicas como anemia associada com lupus e artrite reumatóide. Além disso, a doença celíaca pode vir a ser causa de doenças do fígado como a esteatopatite não alcoólica, que pode levar a um acúmulo de gordura no fígado, causando inflamações no órgão, que pode progredir para a cirrose hepática. Para evitar tudo isso, a pessoa que tem os sintomas precisa procurar um médico e informá-lo se existem outros casos na família, facilitando o diagnóstico. O gastroenterologista pedirá uma série de exames para comprovar a patologia e iniciará o tratamento, impedindo o agravamento do caso. Esse tratamento consistirá em não comer mais os cereais ou derivados proibidos para os celíacos, os que contêm o glúten, presentes em alimentos muito populares, como o pão francês, por exemplo. Para quem gosta da "loira", o sacrifício é maior: a cerveja é feita de cevada ou trigo e não pode ser ingerida. A opção é comer pães que contenham farinha de milho ou mandioca. E prestar atenção ao rótulo das embalagens. Alerta vermelho se na embalagem estiver escrito: contém glúten!
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