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Opinião
02/09/2014 - 17h15
No mundo da lua
Dartagnan da Silva Zanela
 
Reflexões e borrões – parte III

1.

Muitos são os tipos humanos que se aventuram na selva das disputas políticas, porém, podemos, provisoriamente, resumi-los em duas grandes categorias. A primeira seria a dos oportunistas de carreira. A segunda a dos que tem um propósito, bom ou mau, a ser realizado em longo prazo.

Os primeiros desejam apenas se dar bem a qualquer custo. Os segundos não medem os custos para realizar o seu projeto de poder. Os oportunistas acreditam que a sua maneira vil e astuta é o supra-sumo da sabedoria prática. Já aqueles que se dedicam a um projeto de poder, aproveitam de todos os meios possíveis para realizá-lo, inclusive aliar-se, ou dividir-se, momentaneamente, com aqueles que não enxergam nada que vá além dos momentâneos interesses miúdos.

A partir dessas pobres observações, penso que fica evidente porque o Foro de São Paulo e seus aliados são praticamente uma força insuperável na América Latina. Eles são os únicos que têm suas ações organizadas com vistas a realizar um projeto que não se resume no ganhar de fulano ou sicrano numa eleição.

Desgostemos ou não, eles são a única força política organizada. Os demais não passam duma massa desorientada e fragilizada de oportunistas que apoiam qualquer fim desde que lhe caia alguma vantagem momentânea em suas mãos.

2.

Há uma diferença substancial entre uma militância organizada e treinada e uma massa eleitoral amorfa. Pra começo de prosa, um militante está disposto a fazer sacrifícios pelo seu partido, já um eleitor, anônimo e desarticulado, bem ou mal informado, exige sacrifícios do partido que receberá seu voto.

O militante, seja ou não um ano de eleição, está, como direi, antenado com as diretrizes, palavras de ordem, jargões etc., que o seu partido apresenta para serem disseminados na sociedade. O eleitor, por sua deixa, passado o pleito, retorna a sua vida e, em muitos casos, torna-se o principal crítico do partido eleito, por ver que suas esperanças foram naufragadas após a vitória do mesmo.

Naturalmente, o grupo político que tenha uma militância coesa, disciplinada e organizada será a força política determinante em médio prazo. E tem mais! Se esse grupo tiver em suas mãos os principais instrumentos de poder, gostemos ou não, ele será uma força praticamente invencível.

Por isso, enquanto não houver uma força organizada em torno dum projeto que seja maior que uma vitória eleitoral, grite-se o quanto quiser, a maré vermelha continuará no poder.

3.

São João da Cruz, com suas pontuais palavras, nos lembra para que não tenhamos outro desejo senão “[...] entrar, apenas por amor a Cristo, no despojamento, no vazio e na pobreza em relação a tudo o que existe na terra. Não experimentareis outras necessidades a não ser aquelas a que assim submetestes o vosso coração. O pobre em espírito (Mt V; 3) nunca se sente tão feliz como quando se encontra na indigência; aquele cujo coração não deseja nada está sempre livre. Os pobres em espírito dão com grande generosidade tudo o que possuem. O seu prazer é passar sem as coisas, oferecendo-as por amor a Deus e ao próximo (Mt XXII; 37ss). [...] Não são apenas os bens, as alegrias e os prazeres deste mundo que nos atravancam e nos atrasam no nosso caminho para Deus; também as alegrias e as consolações espirituais são, em si próprias, obstáculos ao nosso progresso, se as recebermos ou as procurarmos com espírito de posse”.

4.

Se há algo que nos escapa por entre os dedos feito areia é nossa maturidade. Todo santo dia deve-se labutar para reconquistá-la, porque os assédios que são apresentados pela sociedade contemporânea para nos manter perenemente infantilizados, ou imersos numa adolescência sem fim, são muitos, indiscretos e persistentes. E se a extraviarmos, corremos o risco de não sentirmos a sua falta devido ao conforto que os círculos de perpétuos imaturos nos regalam. Por isso, se não nos mantivermos atentos, perecemos.

5.

Mais repulsivo do que o futuro que os progressistas involuntariamente preparam para todos nós é, segundo Nícolas Gómes D’Ávila, o futuro que eles sonham. Futuro que, graças a Deus, eles não conseguem realizar. Entretanto, não se cansam de tentar concretizá-lo e de nos infernizar com seus sulfurosos pesadelos.


Nota do Editor: Dartagnan da Silva Zanela é professor e ensaísta. Autor dos livros: Sofia Perennis, O Ponto Arquimédico, A Boa Luta, In Foro Conscientiae e Nas Mãos de Cronos - ensaios sociológicos; mantém o site Falsum committit, qui verum tacet.
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