Todo ano quando se fala em 7 de Setembro, Dia da Independência do Brasil, amplia-se o debate sobre os vários significados da palavra independência e de sua prima-irmã a democracia. Se por um lado vivemos em um regime considerado democrático que ainda precisa ser aperfeiçoado porque está distante do patamar das democracias desenvolvidas, por outro, o sistema econômico está em um patamar bem inferior. Observe algumas comparações: o Brasil foi classificado pelo Banco Mundial como a sétima maior economia do planeta, mas o problema é que a riqueza continua concentrada nas mãos de poucos. O próprio Banco Mundial classificou o Brasil em um vergonhoso 80º lugar no ranking da distribuição de renda. Quando essas análises incluem as mulheres constatamos uma realidade igualmente revoltante. Pesquisa realizada pelo Fórum Econômico Mundial mostra o Brasil em posição número 82 no ranking da desigualdade entre homens e mulheres, atrás da Albânia, Gâmbia, Vietnã e República Dominicana. Na América do Sul o país está em último lugar nesse ranking. Uma das principais causas da má colocação brasileira se deve, segundo a entidade, à enorme diferença de salários entre homens e mulheres que exercem o mesmo cargo. Os dados mostram que, em alguns casos, as mulheres chegam a ganhar metade do que ganham os homens para trabalhar na mesma função. O desempenho do país na luta para combater a desigualdade entre os sexos na economia e na política foi considerado extremamente fraco pelos pesquisadores. Na política, apesar da eleição da primeira mulher presidente em 2010, o Brasil também tem uma performance abaixo dos 100 primeiros colocados. Segundo a pesquisa, faltam mulheres em posições ministeriais e no parlamento. Considerando-se apenas os cargos ministeriais, o País ocupa a posição número 103. A democracia brasileira, considerada uma das maiores do mundo, ocupa a posição 111 no que diz respeito a cargos parlamentares ocupados por mulheres. A representatividade feminina no parlamento paulista também deixa muito a desejar. Dos 94 deputados estaduais da atual legislatura, apenas 12 são mulheres – ou 13% do total. Essa representação na Assembleia Legislativa não pode ser tão pífia frente a uma população feminina de 52% no Estado. Somos maioria na população e minoria na política e na economia. Na iniciativa privada a situação não é melhor e faltam mulheres em posição de liderança. A iniciativa privada nacional ainda é dominada pelos homens, advertiu o Fórum Econômico Mundial. Na América do Sul, Colômbia, Peru, Paraguai, Bolívia, Venezuela, Uruguai, Chile e Equador estão à frente dos brasileiros na questão de gênero. A vizinha Argentina mantém uma boa dianteira em posição de número 28. Diante desse cenário sugerimos a você que lê esse artigo agora a refletir sobre a necessidade de avançarmos na conquista da igualdade de direitos econômicos e políticos porque um interfere no outro e estabelece a qualidade de uma democracia. Com informação e ação, conseguiremos mudar esse cenário tão danoso a todos nós independente de sexo ou idade. E isso se consegue exercendo nosso direito de escolha, de ser representado em todas as instâncias de poder e de exigir qualidade de vida e não apenas favores. E a hora é agora. Excepcionalmente este ano nós brasileiros, podemos comemorar de fato nossa independência econômica e política não no dia 7 de setembro, mas sim no dia 5 de outubro. Nota do Editor: Mônica Mantelli é advogada do escritório Domingos Mantelli Filho.
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